Summary: | Com este trabalho se pretende traçar a trajetória intelectual de Mário Neme (1912-1973), dando destaque para sua atuação como diretor do Museu Paulista, entre 1960 e 1973. Intelectual autodidata de Piracicaba, que na capital, São Paulo, construiu sua história de sucesso profissional e militância a favor da cultura e da liberdade política, Neme foi jornalista durante praticamente toda sua vida, escrevendo para diversos periódicos. Sempre inconformado e ativo, ajudou a criar a Associação Brasileira de Escritores, figurando na luta pela profissionalização do escritor, bem como no movimento opositor ao Estado Novo. Foi também contista, autor de peça teatral e historiador, obtendo reconhecimento em suas atividades. Como funcionário público, iniciou carreira concursado para a Câmara, mas devido ao golpe de 1937, foi trabalhar no Departamento de Cultura, assumindo a Revista do Arquivo Municipal. Passou por muitos outros cargos, até chegar ao Museu Paulista, como seu diretor. Foi na direção do museu que escreveu suas obras maduras, mas lá sofreu novo revés ao ver instalado novamente um golpe contra o governo, desta vez, pelos militares. Explorando o estudo de sua vasta rede de sociabilidade, argumenta-se aqui que Mário Neme foi um intelectual de transição, entre aqueles sem formação universitária e os \"moços\" que vivenciaram uma das primeiras universidades do país, a Universidade de São Paulo. Assim, esta tese trata da trajetória de um intelectual em processo complexo de desaparecimento, mas que se torna diretor, entre os anos 1960 e 1970, de uma das maiores instituições culturais de uma cidade transformada em metrópole pelo trabalho de seus imigrantes e migrantes, fossem eles operários da construção civil ou operários das letras que vinham do interior do estado, dentre muitos outros. Demonstra-se aqui que Mário Neme foi, como diretor, decisivo para o processo de renovação museológica do Museu Paulista === This study investigates the intellectual trajectory of Mário Neme (1912- 1973), with special reference to the period when he assumed the position of principal at the Museu Paulista, between 1960 and 1973. He was a self-taught intellectual from Piracicaba, who moved to São Paulo and built a successful story of militancy in favor of culture and political freedom, being an oppositionist of president Vargas government. Neme worked as a journalist along his life, writing to many different newspapers. An active man, he helped to found the Associação Brasileira de Escritores (Brazilian Writers Association), which aimed to give support to writers.. He was a writer, theater writer and historian, being an acknowledged intellectual during his multifaceted career. He began his career as employee in the municipal chamber (Câmara dos Vereadores), but during the 1937 coup he suffered political persecution and moved to the Departamento de Cultura, editing there the Revista do Arquivo Municipal. After that he moved to a number of positions until he assumed the Museu Paulista as its principal. In this position he wrote his mature works, but suffered again with political persecution after the military coup of 1964. Neme saw the birth of the Universidade de São Paulo (São Paulo Universty USP), one of the first universities in Brazil. He is thus regarded as a transitional intellectual, between those self-taught and those who have had the opportunity to study in the newborn USP. This thesis focus on the intellectual development of Mário Neme, who was director of one of the main museums of Brazil during a singular period of São Paulo history, when the city grew enormously with the Brazilian industrial development, what attracted thousands of migrants to the city. We argue that Mário Neme was a decisive personality to restructure the Museu Paulista during his time
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