Summary: | Nesta dissertação, analisamos as dinâmicas internas do Movimento de Cultura Popular (MCP) nos anos 1960 e a aproximação de determinada elite intelectualizada com as camadas populares. Entendemos que os jovens intelectuais que militaram no MCP, uma vez confrontados com os desafios do meio sócio-político-cultural popular da cidade do Recife e do interior de Pernambuco, desenvolveram propostas programáticas e ações político-culturais que contribuíram para a percepção de que as classes populares deveriam ser sujeitos da sua história e protagonistas da construção de sua identidade. Na nossa hipótese, essa percepção pode ser contraposta às ações e aos valores dos intelectuais que se caracterizaram por certo dirigismo e elitismo. Em outras palavras, sustentamos que a experiência histórica do MCP rompeu os limites e valores que motivaram os intelectuais que formaram o Movimento. A partir dessa hipótese, buscamos, por meio da análise das especificidades das correntes, debates e contradições do Movimento, demonstrar que o MCP surgiu de um interesse político-partidário, mas acabou indo além dele. O lugar dos intelectuais no movimento foi tensionado entre o dirigismo e o contato efetivo com as massas populares, na construção de um idioma cultural e ideológico comum, marcado por um reformismo e pelo nacionalismo progressista. As relações entre intelectuais e povo, no contexto recifense, seguiram padrões nacionais (intelectual como mediador entre povo, Estado e Nação), porém, também sofreram influxos do contexto local. Por último, defendemos que o MCP, como movimento cultural e político, não teve tempo de maturar suas próprias contradições, dado seu fim abrupto em 1964 === In this masters thesis, we analyze the 1960s internal dynamics of the Movimento de Cultura Popular (MCP) and the approximation of a certain intellectualized elite with the working class. We understand that the young intellectuals who have participated in activism in MPC, when confronted with the challenges of the socio-political and cultural working class environment from the city of Recife and from the country side of Pernambuco, have developed programmatic proposals as well as political and cultural actions that have contributed to the perception that the working class should be the subjects of their own history and protagonist of their own identity construction. Its our hypothesis that this perception contrasts with the intellectuals actions and values which are characterized by a certain dirigisme and elitism. In other words, we claim that the MCP historical experience has surpassed the limits and values that have motivated the intellectuals from the Movement. Based on this hypothesis and trough the analysis of the specificities of the different lines of thoughts, debates and contradictions of the Movement, we have tried to demonstrate that MCP was originated by partisan interests, but was not restricted to it. The intellectuals place in the Movement was a battle between dirigisme and the actual contact with the working class in the construction of a common cultural and ideological language marked by a reformism and by the progressive nationalism. The relationship between intellectuals and the people, in the context of Recife, has followed the national pattern (intellectual as mediators of the People, State and Nation), but it was also influenced by the local context. Lastly, we conclude by saying that MCP as a cultural and political movement didnt have time to bring to maturity their own contradictions as it was abruptly interrupted in 1964
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