Reabilitação com ênfase no território - demandas de pessoas com deficiências e a promoção da participação comunitária

Este estudo pretendeu discutir a experiência da implantação de um grupo de convivência para adultos com deficiências, na comunidade, como uma das estratégias de reabilitação no âmbito territorial, realizadas a partir de uma unidade básica de saúde. Os objetivos foram: compreender o processo de grupa...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Aoki, Marta
Other Authors: Oliver, Fatima Correa
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2009
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5163/tde-07122009-190601/
Description
Summary:Este estudo pretendeu discutir a experiência da implantação de um grupo de convivência para adultos com deficiências, na comunidade, como uma das estratégias de reabilitação no âmbito territorial, realizadas a partir de uma unidade básica de saúde. Os objetivos foram: compreender o processo de grupalização de adultos com deficiências e identificar as transformações ocorridas no âmbito individual e coletivo; conhecer os modos de vida e as demandas dessas pessoas e como um grupo de convivência pode contribuir para responder a tais demandas.Para o estudo de caso, utilizou-se a entrevista semi estruturada e o registro/diário de campo das atividades realizadas e acompanhadas pela pesquisadora.Participaram do grupo 10 adultos com deficiências que vivenciavam situação de pobreza e isolamento social, sendo: seis mulheres e quatro homens. Cinco apresentavam deficiência mental, três deficiência física e duas deficiências múltiplas. As entrevistas foram realizadas com 05 participantes do grupo, que o representavam em termos de idade, sexo e tipo de deficiência e tratavam de assuntos como: atividades cotidianas, experiências em saúde e reabilitação, educação, trabalho e participação comunitária.Foram registrados 34 encontros, durante 8 meses, de março a dezembro de 2006, uma vez por semana, encontros que duravam aproximadamente duas horas. A realização do grupo em um centro comunitário tornou visíveis para a comunidade os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiências e promoveu a discussão sobre os direitos sociais. Tanto nas entrevistas quanto nas observações, ficou evidente a falta de autonomia e iniciativa das pessoas para participar das atividades do grupo, assim como para discutir as situações do cotidiano. Estes temas foram tratados no desenvolvimento da rotina do grupo (participação no planejamento das atividades, compra do material, confecção e venda). Participar do grupo promoveu trocas afetivas, a descoberta de habilidades manuais e criativas, o acolhimento, a melhora da auto-estima e da comunicação entre os participantes. Observou-se a organização de um modo de vida peculiar, centrada nas dimensões do habitar e comer (urgências respondidas no dia a dia). Para três dos entrevistados a aquisição da deficiência interrompeu a vida produtiva e a vinculação ao trabalho. Outros aspectos da vida cotidiana como conversar e passear foram demandas importantes na vida dos entrevistados. Estudar, realizar tratamento em reabilitação, ter uma moradia digna e aconchegante, ter alimento, trabalho, benefício previdenciário, locomover-se, passear e conversar foram as principais demandas apresentadas pelos sujeitos. A realização de um grupo de convivência na comunidade foi uma experiência de participação comunitária, de trocas interpessoais e aumento da rede de apoio social das pessoas com deficiências, em contraposição a situação de isolamento social. Grupos de convivência podem ser uma estratégia alternativa para o acompanhamento de pessoas com deficiências na comunidade. === This study was aimed at discussing the experience of implementing a co-existence group for adults with disabilities in the community as one of the territorial rehabilitation strategies, carried out by a Basic Health Unit. The goals were to: comprehend the process of group formation by adults with disabilities and identify the transformations that occur in both the individual and collective ambit; to understand the way of life and the demands of these people and assess how a co-existence group can help to address such demands. For the case study we used the semi-structured interview and a field diary to record the activities accompanied by the researcher. Ten adults with disabilities and who experience poverty and social isolation participated in the group, six of them women and four men. Among the adults surveyed, five have mental disabilities, three have physical disability and two have multiple disabilities. Interviews were conducted with five of the group participants, who represented the group in terms of age, sex and type of disability. The interviews dealt with issues such as daily activities, experiences in health and rehabilitation, education, work and community participation. 34 two-hour meetings were recorded, once a week, during 8 months, from March to December 2006. The undertaking of the group activity in the Community Center allowed the difficulties faced by people with disabilities to be seen by the community and led to the discussion of social rights issues. Through the interviews and observations, the lack of autonomy and initiative of people to participate in the activities of the group, as well as to discuss the situation of their daily life, became evident. These issues were addressed during the development of the group routine (participation in planning the activities, purchasing the material, manufacturing and sale). Participating in the group resulted in affective exchanges, the discovery of manual and creative skills, the sense of holding, improved self-esteem and improved communication amongst the participants. The organization of a peculiar way of life, focusing on the dimensions of living and eating (emergencies dealt with daily) was observed. For three of the interviewees the acquisition of a disability interrupted their productive life and their link to work. Other aspects of everyday life, such as dialoguing and going for walks, were important demands in the life of the interviewees. Studying, treatment in rehabilitation, having decent and comfortable housing, food, work, pension benefits, getting around, taking trips and talking were the main demands made by the subjects. The achievement of a co-existence group in the community was an experience of community participation, interpersonal exchanges and increasing network of social support for people with disabilities, which opposed the situation of social isolation. Coexistence groups can be an alternative assistance strategy for people with disabilities in the community.