Summary: | O presente trabalho objetiva oferecer uma leitura da articulação entre natureza e cultura na filosofia de Merleau-Ponty. Em primeiro lugar, mediante o estudo das obras dos anos 1940, mostramos o caráter problemático da manutenção de uma perspectiva da consciência que impede o filósofo de dar conta da não separação entre fato e essência. Em linhas gerais, mostramos, por um lado, que a Structure du comportement e a Phénoménologie de la perception comportam uma concepção de natureza entendida como plenitude e atualidade; por outro lado, a aparição do cogito tácito responsável por unificar as operações expressivas deixa claro que o simbólico só pode ter lugar na ordem humana. Em segundo lugar, investigamos como a reabilitação do conceito de natureza (atrelada à discussão sobre a historicidade do sentido, iniciada nos anos 1950) permite a Merleau-Ponty conceber o Ser natural como vida e como avanço criador. Este movimento permite alastrar a expressão a todas as dimensões da experiência desde as naturais até as culturais de modo que a cultura possa ser engrenada à produtividade da natureza. Por fim, mediante a análise do problema da intersubjetividade em Merleau-Ponty, discutimos como a compreensão de um Ser relacional pode ensejar uma teoria da individuação e do reconhecimento. Para tanto, centramos nossa leitura na apropriação merleau-pontiana de alguns elementos da psicanálise. Trata-se de mostrar que o corpo humano carrega matrizes simbólicas opacas ou um sistema de equivalências carnais que guiam o desejo do sujeito e sua conseqüente formação, de modo que a experiência humana assim como o Ser no qual ela se desenrola guarda sempre um avesso de latência cujo desvelamento exige um discurso interrogativo que encontra seu modelo na experiência psicanalítica. === This thesis proposes a lecture on articulation between nature and culture by Merleau- Ponty´s philosophy. At first, through the study of his work in the 1940s, we show the problematic character of the maintenance of the perspective of consciousness, that impede the philosopher to do then the binding between fact and essence. On the one hand we show that the Structure du comportement and the Phénoménologie de la perception contains a conception of nature as plenitude and actuality; on the other hand the arising of the tacit cogito responsible for unifying expressive operations quite clear that the symbolic have place only at human order. At second we investigate how the rehabilitation of the concept of nature (that is linked with the discussion on the historicity of meaning in the 1950s) makes Merleau-Ponty to conceive the nature being as life and as moving-on. This movement make possible to spread the expression to all dimensions of the experience from the nature to cultural one so that culture can to be in gear to productivity of the nature. At last, through the analysis of the intersubjectivity by Merleau-Ponty, we discuss how the comprehension of relational being can to offer a particular theory of the individuation and of the acknowledgment. For this we focus our lecture on merleaupontian appropriation of some elements of the psychoanalysis. It show that the human body load opaque symbolic matrix or a system of flesh equivalences that guide the desire of the subject and your following building, so that the human experience as the Being into that which it to unroll itself keep always a imminent meaning, which designation require a interrogative discuss, which model is founded into the psychoanalytic experience.
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