Summary: | Essa pesquisa tem por objetivo verificar na obra de Sérgio SantAnna uma possível ruptura com a tradição literária que chegou ao seu tempo, a década de 1970. Observamos que nesse período havia uma forte tendência a uma literatura de reportagem, aos relatos de costumes, apontando diversas formas de violência na sociedade e as crises familiares. Essa é a literatura que chegou com a herança do Realismo, que exercia essas práticas na ficção, e, agora, na literatura contemporânea, podemos encontrá-las nos textos de Dalton Trevisan e José Louzeiro, por exemplo. Mas Sérgio SantAnna demonstra enveredar por outros caminhos, os das especulações. Ao invés de produzir essa literatura mais interessada no reflexo do social, com ação narrativa, SantAnna parte para os palcos interiores, realizando uma literatura mais cerebral, que questiona ainda, sim, os valores instituídos no social, mas o faz explorando estilos de escrita, flutuando pelos gêneros de discursos tornando-os literários, expondo as engrenagens do narrar. Com esse panorama, podemos pensar à luz de Nietzsche, filósofo que rompeu com a tradição filosófica que chegou ao seu tempo, e pensava a arte como forma de transvalorar os padrões estabelecidos, os valores estipulados, e via na arte uma nova possibilidade de estilo de vida. Assim, aprofundamos com Deleuze e Foucault o conceito nietzscheano de Vontade de Potência enquanto Arte, para estabelecermos um diálogo entre a literatura e a filosofia. Onde encontramos Sérgio SantAnna: um escritor conceitual. === This research aims to verify in Sérgio SantAnnas work a possible rupture with the literary tradition that reached his time, the 1970s. We note that in this period there was a strong tendency to a literature of reports and the accounts of customs, pointing out to various forms of violence in society and family crises. This is the literature that came with the legacy of Realism, which used to hold these practices in fiction, and now, we can find them in the contemporary literature, in the writings of Dalton Trevisan and José Louzeiro, for example. But Sergio SantAnna demonstrates to go toward other paths, the ones from speculation. Instead of producing this literature more interested in social reflex with narrative action, SantAnna proceeds to the inner stages creating a more cerebral literature that questions still, yes, the values established in the social, but he makes it exploring writing styles, hovering through genres of discourse making them literary, exposing the mechanism of the narrative. With this environment, we can think at light of Nietzsche, the philosopher who broke with the philosophical tradition that had arrived at his time, and considered art as a form of overvaluing the established standards, stipulated values, and perceived a new possibility of lifestyle in the art. Thus, we deepened the Nietzschean concept of the Will Power with Deleuze and Foucault as Art, to establish a dialogue between literature and philosophy. Where we find Sérgio SantAnna: a conceptual writer.
|