Memória das Ilusões: um estudo de Ressureição, primeiro romance de Machado de Assis
Esta pesquisa consiste em uma leitura de Ressurreição (1872), primeiro romance de Machado de Assis. Em vez de explorar a relação do livro com o restante da obra do autor (o que se realiza apenas no fechamento do texto, de forma indicativa), este trabalho desenvolve um estudo voltado prioritariamente...
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Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
2011
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Casamento Machado de Assis Machado de Assis Marriage Narrador Narrator Ressurreição Ressurreição Teoria do romance Theory of the novel Herane, Amanda Rios Memória das Ilusões: um estudo de Ressureição, primeiro romance de Machado de Assis |
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Esta pesquisa consiste em uma leitura de Ressurreição (1872), primeiro romance de Machado de Assis. Em vez de explorar a relação do livro com o restante da obra do autor (o que se realiza apenas no fechamento do texto, de forma indicativa), este trabalho desenvolve um estudo voltado prioritariamente para os elementos internos de Ressurreição. Pretendo evidenciar que o romance se estrutura em torno de uma avaliação do comportamento dos personagens que se associa a uma defesa do matrimônio na sociedade carioca da segunda metade do século XIX, elaborando uma representação do casamento marcada pela ambiguidade e pelo elogio da conformidade às instituições dominantes. Em uma leitura do conjunto da produção machadiana, a crítica do século XX a separou em dois momentos, cujo marco divisório seria o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880), situando Ressurreição na primeira dessas duas fases. No primeiro capítulo, são abordados os pressupostos que conduziram a essa cisão, tendo-se em vista o debate sobre o alinhamento de Ressurreição aos outros três romances da primeira fase de Machado de Assis. O capítulo também abarca o modo como o primeiro romance machadiano foi recebido pelos críticos do século XIX e pela crítica mais recente. O segundo capítulo traz uma aproximação da obra a partir das diretrizes oferecidas por Machado de Assis na advertência da primeira edição de Ressurreição. Tais indicações, postas em relação ao argumento do romance, sugerem um caminho de leitura para o livro cujas implicações são associadas, nesta parte do trabalho, a discussões levantadas por G. Lukács e Ian Watt sobre a forma romanesca. O terceiro capítulo centra-se em algumas contradições do discurso do narrador, que aparecem especialmente em sua perspectiva sobre o casamento, de modo que essa parte da pesquisa conta com uma abordagem das relações matrimoniais no Brasil do século XIX. O sentido das contradições do narrador e a inscrição de Ressurreição na obra machadiana são problemas que podem não estar dissociados, e são as principais inquietações que subjazem a este trabalho. === This research is as interpretation of Ressurreição (1872), Machado de Assiss first novel. Instead of exploring the way it relates to other works by the same author (an issue which is only indicated at the end of this text), this study focuses primarily the novels internal elements. I wish to show that the book is structured around an evaluation of the characters behavior, one which is linked to an apology of marriage in the context of nineteenth-century Rio de Janeiro. As I intend to show, the novel represents matrimony in an ambiguous way and praises conformity to dominant institutions. Twentieth-century critics of Machado de Assis have distinguished two different moments in his works, the boundary between which would be the novel Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880), placing Ressurreição in the first of them. The first chapter of this work explores the assumptions which have led to this separation, focusing also the debate over how Ressurreição fits together with the three other novels pertaining to the so-called first moment. This chapter also includes an overview of the way Ressurreição was received by nineteenth-century and recent critics. The second chapter approaches the novel from the perspective of the guidelines offered by the author on the foreword to the first edition. The interpretation suggested by these guidelines, taken together with the general ideas presented in the book, has some implicatons which will be related to the discussions raised by G. Lukács and Ian Watt on the novel as a genre. The third and last chapter focuses some contradictions on the narrators discourse, which manifest themselves especially in his apology of marriage. For this reason, the chapter also includes a brief overview of matrimonial relations in nineteenth-century Brazil. The meaning of these contradictions and the way Ressurreição fits into Machado de Assiss work are questions which may be related to each other, consisting the main concerns underlying this research. |
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