Summary: | Esse estudo investiga a influência do estilo de uso do orçamento empresarial sobre as percepções de seus públicos usuários. O uso do orçamento segue o framework de Adler e Borys (1996) que trata do uso coercitivo e facilitador. As percepções dos usuários do orçamento perfazem a utilidade do artefato e o nível de críticas atribuídas. Essa análise retoma a discussão se o orçamento se caracteriza como um importante instrumento de gestão, tendo em vista diversos estudos que tem defendido sua melhoria (Activity-Based Budgeting) ou abandono (Beyond Budgeting). A discussão é baseada em um framework relativamente recente nas pesquisas de Controle Gerencial (Ahrens & Chapman, 2004) e com potencial para futuras pesquisas no contexto nacional e internacional. O modelo teórico e as hipóteses de pesquisa foram construídos com o objetivo de discutir a influência do uso do orçamento sobre a percepção de utilidade e o nível de críticas. Dentre as dimensões do uso coercitivo e facilitador se destacam a capacidade de reparo, a transparência interna, a transparência global e a flexibilidade. A percepção de utilidade envolve a utilidade para a gestão e relevância para tomada de decisão. O nível de críticas abrange os efeitos perversos, inadaptação ao ambiente, ritual e foco excessivo no curto prazo. A metodologia do estudo é um levantamento com gerentes de uma empresa brasileira de grande porte do setor elétrico (survey single entity). Foram realizadas nove entrevistas com gerentes da empresa e elaborado um questionário eletrônico aplicado a uma amostra de 72 respondentes de uma população de aproximadamente 180, abrangendo gerentes de diversas áreas da organização. As informações coletadas nas entrevistas foram analisadas qualitativamente e apresentadas de modo descritivo, caracterizando os entrevistados, sua interface com o processo orçamentário, além de suas percepções. Os dados coletados pelo survey foram submetidos a técnicas de estatística descritiva e multivariada de equações estruturais (MEE-PLS). Os respondentes tem em média 25 anos de empresa. A análise descritiva do uso do orçamento empresarial indica que, para as dimensões transparência interna e transparência global, o orçamento está mais próximo do estilo de uso facilitador e, pela capacidade de reparo e flexibilidade, mais próximo do uso coercitivo. Além disso, a percepção de utilidade do orçamento é levemente alta e o nível de críticas é baixo. Quanto ao modelo de equações estruturais, se constatou influência indireta do uso facilitador do orçamento sobre o nível de críticas. Pôde-se verificar que o estilo de uso facilitador do orçamento influencia positivamente a percepção de utilidade e negativamente o nível de críticas. Esses resultados não indicam, necessariamente, que o uso facilitador do orçamento seja \"melhor\" que o coercitivo. Na realidade, as empresas tem a liberdade de determinar a forma como pretendem utilizar esse artefato contábil, e ao mesmo tempo devem estar cientes de que essas escolhas influenciam as percepções dos gestores. O presente trabalho fornece indicativos de modelos presentes na literatura que propiciam uma melhor compreensão desses aspectos. === This study investigates the influence of the budgeting style applied on users perceptions. Budgeting use follows the framework of Adler and Borys (1996) dealing with the coercive use and enabling use. Users\' perceptions of the budget account for the usefulness of the artifact and the level of criticism assigned. This analysis discusses if budgeting is characterized as an important management tool in view of several studies that have defended its improvement (Activity-Based Budgeting) or its abandonment (Beyond Budgeting). The discussion is based on a relatively recent framework in Management Control research (Ahrens & Chapman, 2004) and has a potential for future research in national and international context. The theoretical model and research hypotheses were constructed in order to discuss the influence of the style of budgeting use on the perceived usefulness and on the level of criticism. Among the dimensions of coercive and enabling use are repair capacity, internal transparency, global transparency, and flexibility. The perceived usefulness involves the utility and relevance to the management for decision making. The level of criticism covers the perverse effects on people, inability to adapt to the environment, ritual and excessive focus on the short term. The methodology of the study is a survey carried on with managers of a large Brazilian company of the electric sector (survey single entity). Nine interviews were developed with managers and an electronic questionnaire was also applied to a sample of 72 respondents from a population of approximately 180, including managers from different areas of the organization. The information collected in the interviews were qualitatively analyzed and presented in a descriptive manner, characterizing the respondents, their interface with the budget process, and their perceptions. The data collected by the survey were subjected to descriptive statistics and multivariate Structural Equation Modeling (SEM - PLS). Respondents have working time mean of 25 years in the organization. The descriptive analysis of the use of the corporate budgeting indicates that the dimensions of internal transparency and global transparency are closer to the enabling use. The repair capacity and flexibility are nearest to the coercive use. Furthermore, the perceived usefulness of the budgeting is slightly high and the level of critics is low. As for the structural equation model we have found indirect influence of the budgeting enabling use on the level of criticism. It was verified that the enabling style of budgeting use has positive influence on the perceived usefulness and negative on the level of criticism. These results do not necessarily indicate that the enabling style of budgeting use is \"better\" than coercive. In fact, companies have the freedom to determine how they will use this accounting artifact. Meanwhile organizations should be aware that these choices influence the perceptions of managers. This paper provides indicative of models in the literature which propitiate a better understanding of these aspects.
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