Summary: | Nos últimos anos, as práticas e valores multiculturais estão cada vez mais visíveis dentro das corporações. Para entender os impactos desses valores culturais dentro da entidade, Gray (1988) estudou as classificações dos valores culturais de Hofstede (1980): individualismo, masculinidade, aversão à incerteza, distância do poder, orientação de longo prazo e indulgência, e os relacionou com quatro características contábeis: profissionalismo, uniformidade, conservadorismo e sigilo. O modelo teórico de Gray (1988) explica o impacto das dimensões culturais no desenvolvimento dos sistemas contábeis, no entanto testes empíricos são necessários para verificar se existe, de fato, uma relação entre os valores culturais e as características contábeis. Com isso, o presente trabalho tem como objetivo testar empiricamente se as dimensões culturais de países considerados culturalmente conservadores influenciam as empresas no conservadorismo dos números contábeis. A metodologia consistiu na análise de 4.700 empresas, distribuídas entre os mercados de ações do Brasil (192), Alemanha (272), Japão (2678) e Estados Unidos da América (1558), para o período de 2011 a 2016 retiradas da base de dados da Thomson Reuters. O modelo econométrico utilizado foi a autoregressão de Kanagaretnam, Lim e Lobo (2013) adaptado e foram adicionadas novas variáveis de controle a fim de melhorar a qualidade dos resultados. A amostra é altamente balanceada, e para corrigir características do modelo, foi rodada a regressão robusta em painel. Este modelo relaciona as medidas de conservadorismo com cada uma das dimensões de cultura de Hofstede (2001) que Gray (1988) cita como influentes no conservadorismo contábil, aversão à incerteza, masculinidade e individualismo, para verificar se existe uma relação e se os países culturalmente conservadores são também contabilmente conservadores. Os resultados se mostraram significativos e vão de acordo com a hipótese formulada por Gray (1988). Dessa forma, os resultados contribuem com o debate sobre a consideração da prudência como característica qualitativa da informação contábil, também contribui com o debate sobre o processo de harmonização das normas internacionais de contabilidade. Ademais, as alterações no modelo utilizado contribuem metodologicamente para as pesquisas de conservadorismo e cultura na contabilidade. Adicionalmente, os resultados devem auxiliar os investidores a considerarem, em seu modelo decisório, se vale a pena investir em empresas sediadas em países com certas características culturais consideradas conservadoras, de acordo com o seu perfil de investimento, pois, isto pode influenciar os resultados contábeis dessas empresas === In the past few years, multicultural practices and values are increasingly visible within corporations. Gray (1988) studied the classification of cultural values of Hofstede (1980), individualism, masculinity, uncertainty avoidance, distance of power, long-term orientation and indulgence, and its relationships with four accounting indicators, professionalism, uniformity, conservatism and secrecy. The theoretical framework of Gray (1988) explains the impact of cultural dimensions with the development of accounting systems, however empirical tests are necessary to verify if there is, in fact, a relationship between cultural values and accounting values. With this, the present paper aims to test empirically if the cultural values, of conservative cultural countries, influence companies in the conservatism of accounting numbers. The methodology consisted in the analysis of 4,700 companies, distributed among the stock markets of Brazil (192), Germany (272), Japan (2678) and United States of America (1558) for the period 2011 to 2016 collected from the Thomson Reuters database. The econometric model used was the autoregression of Kanagaretnam, Lim and Lobo (2013) adapted, new control variables were added to improve the quality of the results. The sample is highly balanced, and to correct the model\'s characteristics a robust panel regression was run. This model relates conservative measures to each of Hofstede\'s (2001) dimensions of culture that Gray (1988) cites as influential in accounting conservatism, aversion to uncertainty, masculinity and individualism, to see if there is a relationship and whether countries culturally conservatives are also conservative in the accounting numbers. The results were significant and go according to the hypothesis formulated by Gray (1988). Thus, the results contribute to the debate on the consideration of prudence as a qualitative characteristic of accounting information, it also contributes to the debate on the process of international accounting standards\' harmonization. In addition, the changes in the used model contribute methodologically to the researches of conservatism and culture in accounting. Furthermore, the results should help investors to consider in their decision-making process, whether it is worth investing in companies based in countries with certain cultural characteristics considered conservative, based on their investment profile, as this may influence the accounting results of these companies
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