Summary: | A recomposição das matas ciliares pode vir a ser a solução mais eficaz e duradoura para reverter o acelerado processo de degradação dos recursos hídricos. Não há, no entanto, consenso sobre técnicas e espécies adequadas para a recomposição e nem critérios e indicadores para avaliar o êxito dos plantios. Esta pesquisa tratou do estudo de reflorestamento efetuado em 1990, às margens do córrego Tarumã, município de Tarumã, SP. No plantio foram utilizadas 29 espécies, sendo 28 nativas da região e uma introduzida de valor comercial (Pinus elliottii var. densa). As árvores foram plantadas em quatro módulos distintos, caracterizados por diferentes combinações de espécies, como segue: Módulo A - 100% pioneiras; Módulo B - 50% pioneiras + 50% não pioneiras; Módulo C - plantio misto aleatório de espécies nativas (pioneiras ou não) e módulo D - 100% Pinus. Avaliou-se a floresta formada, dez anos após o plantio, com base no desempenho das espécies plantadas e comparando-se os módulos entre si e com fragmento natural remanescente - (E), quanto à estrutura do estrato arbóreo, densidade, diversidade e riqueza florística da regeneração natural, características químicas do solo superficial e deposição de folhedo ao longo do ano. Verificou-se que há diferença entre os módulos de plantio para boa parte dos parâmetros avaliados. Do ponto de vista da estrutura da floresta, todos os módulos de plantio apresentam área basal, diâmetro médio e altura máxima inferiores ao fragmento natural. Por outro lado, a densidade do plantio foi superior à densidade da floresta natural e, mesmo com a mortalidade ao longo desses dez anos, a densidade nos diferentes módulos ainda é superior à da floresta natural (árvores com DAP maior ou igual 5 cm). Em síntese, dez anos não foram suficientes para que, nas condições ambientais deste experimento, a floresta plantada adquirisse a estrutura de uma floresta natural. Comparando-se entre si as espécies plantadas quanto ao seu desempenho, destacaram-se pela sua sobrevivência: Inga uruguensis, Croton urucurana e Schinus terebinthifolius. Pelo crescimento em altura e diâmetro, as espécies com melhor desempenho foram: Anadenanthera macrocarpa, Enterolobim contortisiliquum, Croton urucurana e Pinus elliottii var. densa. Comparando-se os quatro módulos entre si, verifica-se que o plantio misto aleatório apresentou maior densidade e riqueza de espécies em regeneração, seguido do plantio com 50% não pioneiras, plantio puro de pioneiras, e no último lugar, o plantio puro de Pinus. Predominam espécies zoocórias na regeneração natural, sendo que 62% das espécies não foram plantadas, devendo ter sido trazidas por dispersores. No que se diz respeito à ciclagem de nutrientes, o plantio puro de Pinus, embora tenha depositado a maior quantidade de folhedo/ha/ano, proporciona baixo retorno de nutrientes ao solo de modo geral, já que a concentração desses nutrientes no folhedo é baixa. Além disso, a análise química da camada superficial do solo mostrou que sob o Pinus o solo é mais ácido e há menor disponibilidade para a maior parte dos nutrientes, o modelo que mais se aproximou da floresta natural foi o plantio misto aleatório com essências nativas. No outro extremo, com piores resultados, esteve o plantio puro com Pinus elliottii var. densa, para as condições ambientais da área estudada. === Riparian forests restoration can be the best way to stop the degradation process of the water resources. However, there is no agreement about how to do that, what are the best species and planting techniques and how to evaluate the planted forests. This study was based upon a planted riparian forest, along Tarumã River, Tarumã municipality, São Paulo State. Twenty nine species were planted, being 28 native and one introduced species. Trees were planted in four different species combinations, as follows: Module - A 100% pioneer species; Module - B 50% pioneer and 50% no pioneer species; Module - C mixed; Module - D 100% Pinus. The four modules were evaluated ten year after planting, considering: forest structure, density, richness and diversity of natural regeneration, litter deposition and chemical properties of surface soil. These results of the planted forest were compared with a forest remnant - (E) located close to the experimental area. Differences were found among treatments and in comparison with the natural forest, for most of the parameters considered. Basal area, DBH, and maximum height were lower than in the forest fragment. Trees density is still higher in the planted forest than in the natural one, even the mortality rates have been high. Ten years were not enough to make the planted forest structure similar to the natural forest. Comparing the planted species performance, there is a group of high survival rates: Inga uruguensis, Croton urucurana and Schinus terebinthifolius. Another group presented species with high increment in height and diameter: Anadenanthera macrocarpa, Enterolobium contortisiliquum, Croton urucurana and Pinus elliottii var. densa. Natural regeneration density and richness under the planted forest were also different among treatments, in decreasing order: mixed planting - 50% pioneer + 50% no pioneer - 100% pioneer - pure Pinus. Among the species surveyed, zoochory is the main dispersion syndrome and 62% of the species were not planted. They were, probably, brought by animal dispersers. Litter production was higher in pure Pinus planting than in the other treatrnents. However, nutrients concentration is lower than in treatments with native species. So, total quantity of mineral elements that return to the soil is higher in those forests planted with native species. In addition, chemical properties of surface soil under Pinus forests (H + AI, pH, Ca, Mg, etc.) are worse than under other treatments. This study leads to conclusion that, among the tested treatments, the mixed planting with native species (C) was the most similar to the native forest in structure, diversity and natural regeneration. The worst result, under the environmental conditions of this study, was obtained with the pure stand of Pinus elliottii var. densa.
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