O fiel e a pedra e as epopéias clássicas: diálogos e tessituras

Em O fiel e a pedra, Osman Lins compõe seu romance sob a égide do romance regionalista brasileiro produzido por volta de 1930: latifúndio, exploração de classes, jagunços e coronéis e outros males. Todavia, mesmo ficcionalizando esses fatos sociais, o autor pernambucano se distancia de uma possível...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Marquart, Rosa Walda Abreu
Other Authors: Nitrini, Sandra Margarida
Format: Others
Language:pt
Published: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP 2009
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-05112009-164232/
Description
Summary:Em O fiel e a pedra, Osman Lins compõe seu romance sob a égide do romance regionalista brasileiro produzido por volta de 1930: latifúndio, exploração de classes, jagunços e coronéis e outros males. Todavia, mesmo ficcionalizando esses fatos sociais, o autor pernambucano se distancia de uma possível rotulagem normativa inconteste ao aliar seu romance às epopéias clássicas, bem como à poética sacro-hebraica e também às cantigas populares nacionais, encetando um grande diálogo entre seu romance e Ilíada, Odisséia, Geórgicas, Eneida, Os lusíadas, Sermão do Mandato, salmo bíblico e canções populares. Cruzam-se, desse modo, diferentes vozes poéticas advindas de variados espaços e trazidas de eras díspares entre si por considerável gama de citações em epígrafe, as quais, por si só, já despertam instigantes inquirições e expõem, mesmo que subliminarmente, o ideário do autor pernambucano. O dialogismo e a polifonia pressupostos por Bakhtin acham-se contemplados nesse portentoso intercâmbio de textos que tem o mérito de, dentre outros aspectos, nos auxiliar a melhor entender o romance osmaniano de 1961. Através das citações, percebemos a incorporação de conceitos epopéicos greco-romanos de caráter e destino sendo tomados de empréstimo à trajetória do protagonista nordestino, introduzindo na personagem o perfil heróico que a notabiliza. === In O fiel e a pedra, Osman Lins composes his novel under the aegis of the Brazilian regional romanticism produced around the 1930s: latifundium, class exploration, vigilantes, colonel farmers, and other wrongdoings. However, even if we fictionalize these social events, the Pernambucan writer keeps a distance from a possible unchallenging normative labeling by aligning his romance to classical epics as well as to the sacred-Hebrew poetry and national popular chants. With this, the author started a great dialogue between his romance and Iliad, Odyssey, Eneida, Lusiadas, Georgics, Sermão do Mandato, the Bible Psalms, and popular chants. Thus, different poetical voices from varied spaces are interwoven and brought from distinct ages by a considerable range of citations in epigraph. These citations themselves arise stimulating scrutiny and expose, even subliminally, the ideas of the Brazilian author. Bakthins dialogism and polyphony are contemplated in this vast textual interrelation which is able to help us understand the 1961s Osmanian romance. Through citations, we can notice the incorporation of Greek-Roman epic concepts of character and destiny being borrowed by the Brazilian Northeastern protagonist, introducing the historical profile in the character that distinguishes him.