Summary: | Mediante o estudo das atividades relacionadas à comunidade NEGROS presente no Orkut desde 2004 e que, atualmente, reúne 36.000 membros -, este trabalho busca contribuir para identificar o papel das redes sociais no que diz respeito à construção de conhecimentos e ao desenvolvimento de iniciativas destinadas a combater o racismo no Brasil. As novas tecnologias ampliaram significativamente os veículos de comunicação e de informação existentes e permitiram que as redes sociais ganhassem grande expressão nos últimos anos, de maneira que não é possível ignorar o potencial formativo desses meios. Por essa razão, optouse pelo estudo de uma das primeiras comunidades criadas na rede social Orkut com vistas a congregar pessoas com interesse pela situação do negro no Brasil. Tal estudo privilegiou a análise dos discursos produzidos a respeito da identidade negra em dois tópicos do fórum da comunidade voltados especificamente para a autodeclaração racial. Para compreender o processo de constituição da identidade negra, recorreu-se aos aportes teóricos de, entre outros, MUNANGA (2009) e FERREIRA (2000); já o entendimento do ciberespaço e, especificamente, da comunidade estudada como espaço de saber e dos coletivos inteligentes teve como referência o trabalho de LEVY (1999). Pretendeu-se, também, investigar de que maneira os membros veem a referida comunidade e seus conteúdos, buscando ainda reunir elementos sobre o grau de participação dos mesmos. Para isto, foram realizadas entrevistas com três integrantes com perfis bastante distintos, mas com grande expressão no grupo. A análise dos dados coletados mostrou que os discursos de identidade negra são construídos de modos diferenciados, mesmo que a comunidade invoque certa homogeneidade. Foi possível captar nas falas dos membros da NEGROS desde a consciência da opressão histórica-política até o orgulho do pertencimento, passando pelo sofrimento causado pelo preconceito. Além disso, foi possível constatar que as possibilidades de socialização da comunidade potencializam a construção coletiva de conhecimentos relativos à identidade do grupo. Por fim, deve-se assinalar que o presente trabalho deteve-se nas discussões sobre o potencial ativista das redes sociais que, recentes como são, ainda suscitam várias polêmicas sem, entretanto, oferecer respostas definitivas a esse respeito. === By means of the study of the activities related to the community NEGROS (Black people) at Orkut since 2004 which has had36.000 members up to now , this work aims to identify the role of the social networks concerning the construction of knowledge and the development of initiatives to fight racism in Brazil. The new technologies have significantly increased the existent means of communication and information and allowed the social networks to obtain great expression in the last years; therefore it is impossible to ignore the formative potential of those means. For that very reason, we have chosen to study one of the first communities created at Orkut with the purpose of inviting people interested in the situation of the black people in Brazil. Such study emphasized the analysis of the discourses produced concerning the black identity in two forum topics of the community which specifically comprehended the self-declaration of race. In order to understand the process of the constitution of the black identity, we investigated MUNANGAs (2009) and FERREIRAs (2000) theories, among others; to understand the cyber space and, specifically, the community studied as a space of knowledge and intelligent collectives, we referred to LEVYs work (1999). We also aimed to investigate how the members see the community and its contents, trying to group elements about their degree of participation. We accomplished interviews with three members with very distinct profiles but with a great contribution in the group. The data analysis showed that the discourses of the black identity are built in different ways, even though the community evoked certain homogeneity. It was possible to apprehend in the members discourses from the consciousness of political-historical oppression to the pride of being part of the group, through the suffering caused by prejudice. Besides, it was possible to verify that the possibilities of socialization of the community developed the collective construction of knowledge related to the group identity. Finally, we should stress that the present work was limited to the discussions about the activist potential of the recent social networks that have still given rise to many polemic issues without, however, offering definitive answers to this subject.
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