Summary: | Objetivou-se comparar os parâmetros comportamentais indicativos de estresse, a qualidade da carne e a influência do enriquecimento ambiental em leitões criados no sistema intensivo confinado, de acordo com a qualidade dos tratamentos recebidos. Para isso, foram utilizados 144 leitões divididos em três grupos que receberam tratamentos distintos: 1) Tratamento Aversivo (TA): pessoa se dirigia aos leitões de forma rude, utilizando tom de voz agressivo e fazendo ameaças posturais; 2) Tratamento Controle (TC): pessoa foi cuidadosa ao se movimentar e usou tom de voz suave; 3) Tratamento Misto (TM): os animais receberam TA durante as fases de maternidade e creche e TC durante as fases de crescimento e terminação. Após o desmame, os leitões foram submetidos a testes para aferir medo e verificar se conseguiam reconhecer seu tratador habitual. Foram observados os comportamentos nas mudanças de ambiente, através de instantâneos de 5 min. Na fase de crescimento/terminação, metade dos animais recebeu enriquecimento ambiental. Após o abate foi realizada a análise da qualidade da carne com relação ao seu pH, temperatura, coloração, perda de água por cocção e exsudação. Variáveis como cortisol, lactato, creatina-fosfoquinase, ganho de peso, conversão alimentar e consumo de ração também foram aferidas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e para a análise dos dados foi utilizado o procedimento PROC MIXED e GLM do programa estatístico SAS. Leitões que receberam tratamento aversivo apresentaram maior frequência de interações agonísticas na maternidade (P=0,01), creche (P=0,04), crescimento/terminação (P=0,0002) e no pré-abate (P=0,06); além de apresentarem maior frequência de belly-nosing no pós-desmame (P=0,001), maior atividade nos testes de medo (P=0,01), menor tempo (P=0,03) e menor frequência (P=0,005) de contato com o novo objeto. Animais que receberam enriquecimento ambiental apresentaram maior frequência do comportamento exploratório (P=0,01). Não houve diferença no ganho de peso, nas análises de qualidade de carne e de sangue (P>0,05), exceto para lactato que apresentou concentrações mais elevadas para animais tratados de forma aversiva (P<0,05). Leitões tratados de forma aversiva demonstraram um padrão comportamental indicando o elevado estresse. A simples cessação deste tratamento não parece ser suficiente para que os animais retomem o padrão comportamental comum à espécie, indicando um efeito residual do tratamento recebido anteriormente. Além disso, estes animais são mais medrosos à novidade, ao isolamento social e ao tratador aversivo. Mesmo não havendo diferença de desempenho e qualidade de carne, estes resultados indicam um empobrecimento do bem-estar desses animais. Por outro lado, quando cessado o tratamento aversivo e adicionado o enriquecimento ambiental, os efeitos residuais do estresse sofrido nas primeiras fases de vida foram suprimidos e os animais apresentaram uma melhoria na resposta ao estresse e no seu bem-estar. === The aim of this work was to compare the behavioral parameters indicative of stress, meat quality and the influence of enrichment in pigs housed in intensive confined system, according to the quality of the treatment received. For this, 144 piglets were separated in three groups with different treatment: 1) Aversive (TA): the person responsible for the treatment was rude with the animals, used an aggressive tone of voice and moved harshly and unpredictably; 2) Control (TC): the person responsible for this treatment was careful to move around as was using a soft tone of voice; 3) Mixed (TM): the animals received TA during farrowing room and nursery, and with TC during growing and finishing phase. After weaning, piglets were tested to assess fear and if they could recognize its usual handler. Behavioral time budgets at each change of phase, was registered by scan sampling every 5-min. In the growing-finishing phase half of the animals received environmental enrichment. After slaughter, meat quality was analysed in relation to their pH, temperature, colour, drip loss, water holding capacity e tenderness. Variables such as cortisol, creatine phosphokinase, weight gain, feed conversion and consumption of solid food were also assessed. The experimental design was randomized and to analyse the data, we used PROC MIXED and GLM procedure of SAS statistical program. Animals TA had more frequency of agonistics interactions at farrowing room (P=0.01), nursery (P=0.04), growing/finishing phase (P=0.0002) and at the day before the slaughter (P=0.06); in addition they had higher frequency of belly-nosing after weaning (P=0.001), higher activity on fear tests (P=0.01), lower time (P=0.03) and lower frequency (P=0.005) of a contact with the novel object. Animal that received environmental enrichment showed more frequency of exploratory behaviour (P=0.01). No difference was found on weight gain, meat quality and blood analysis (P>0.05), but to lactate that was higher to aversive treatment animals (P<0.05). Piglets that received an aversive treatment showed behavioral patterns indicative of higher stress. Finishing the aversive treatment was not enough to this animal restoring their behavioral pattern, indicating a residual effect of the aversive treatment. In addition, these animals were more fearful to novelty, social isolation and the aversive handling. Although there is no difference in performance and meat quality, the results show a poor animal welfare. In other hand, when the treatment was finished and an environmental enrichment was introduced, the residual effect of stress of the farrowing room and nursery were supressed and piglets showed an improvement of behavioral pattern and animal welfare.
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