Summary: | Esta dissertação visa compreender o conceito de "qualificação do trabalho" tendo por base a obra de dois sociólogos franceses, Georges Friedmann e Pierre Naville, sociólogos que primeiro analisaram essa questão no século XX. Se a qualificação tem sido estudada desde a década 40, quando predominava a "organização taylorista/fordista" do trabalho, ela adquiriu novo contorno e destaque a partir dos anos 80, em virtude das transformações tecnológicas, econômicas, políticas e culturais que atingiram o mundo do trabalho. A passagem de um "modelo de produção rígida" para um "novo paradigma de produção", assentado na 'especialização flexível", tem demandado dos trabalhadores não apenas conhecimentos objetivos, formais e explícitos, mas também amplas habilidades cognitivas e comportamentais, tais como iniciativa, criatividade, cooperação, liderança, etc., para enfrentar os imprevistos da produção. Em uma palavra, as referidas mudanças estariam colocando em xeque o trabalhador especializado e exigindo um trabalhador polivalente. A partir daí, abriu-se um debate na sociologia: essas inovações seriam sinônimo de um trabalho caracterizado não mais pela dicotomia "concepção X execução", mas sim por uma divisão menos acentuada, na qual prevaleceria uma maior/nova qualificação dos indivíduos? Se, porém, a qualificação tem ganho destaque, ela tem sido simultaneamente questionada pela noção de competência(s), que supostamente daria conta dessas características subjetivas hoje valorizadas e requeridas pelas empresas. Nesse sentido, torna-se relevante perguntar qual a pertinência da continuidade do uso social e científico do próprio conceito de qualificação: a passagem de um paradigma produtivo a outro requer, necessariamente, a transformação das próprias palavras? Se assim o for, a qualificação pode ser substituída, sem mais, pela competência? Apesar das novidades contidas nas transformações descritas, várias das questões hoje enfatizadas no debate da qualificação já estavam presentes na reflexão de Friedmann e Naville, autores que não apenas fundaram a sociologia do trabalho na França, como também foram os precursores, respectivamente, das chamadas visões "substancialista" e "relativista" da qualificação. Dessa maneira, esta pesquisa busca analisar o fenômeno da qualificação do trabalho do ponto de vista teórico, a fim de saber se e em que medida as reflexões de um ou de ambos os autores podem contribuir para se pensar o conceito atualmente. === Cette dissertation vise comprendre le concept « qualification du travail » ayant pour base l'oeuvre de deux sociologues français: Georges Friedmann et Pierre Naville. Ce sont eux qui premièrement analysèrent cette question dans le XXe siècle. Si la qualification du travail est étudiée depuis la décennie de 40, quand prédominait "l'organisation tayloriste/fordiste" du travail, elle acquit un nouveau contour et place préponderante à partir des années 80, en raison des transformations technologiques, économiques, politiques et culturelles qui atteignirent le monde du travail. Le passage dun "modèle de production rigide" pour un nouveau "paradigme de production", centré sur la "spécialisation flexible", demande aux travailleurs non seulement des connaissances objectives, formelles et explicites, mais aussi des larges habilités cognitives et de comportement, telles que: l'iniciative, la créativité, la coopération, l'esprit de leader etc, pour faire face aux imprévus de la production. En somme, les changements référés seraient en train de mettre en échec le travailleur spécialisé, en exigeant un travailleur polyvalent À partir de cela, un débat s'ouvrit dans la sociologie: ces innovations seraient synonime d'un travail caracterisé non plus par la dichotomie conception/exécution, mais pour une division moins accentuèe, dans laquelle prévalerait une nouvelle qualification des individus? Si la qualification gagne de l'évidence, d'autre part elle est simultanément mise en question par la notion de compétence(s), qu'on peut supposer, contiendraient ces caractéristiques subjectives, aujourdhui valorisèes et exigèes par les entreprises. Dans ce sens, c'est important questionner sur la pertinence de la continuité de l'usage social et scientifique du propre concept de la qualification: est-ce que le passage d'un paradigme productif à un autre demande, nécessairement, la transformation des propres mots? Si c'est ainsi, la qualification peut être substituée, sans plus, par la compétence? Malgré les nouvelles contenues dans les transformations décrites, quelques questions aujourdhui mises en relief dans le débat sur la qualification étaient déjà présentes dans la reflexion de Friedmann et Naville, auteurs qui pas seulement fondèrent la sociologie du travail en France, comme furent aussi les précurseurs respectivement des visions appelèes "substantialistes" et 'relativistes" de la qualification. De cette manière, cette recherche vise analyser le phénomène de la qualification du travail sous le point de vue théorique, pour savoir si, et dans quelle mesure, les reflexions d'un ou des deux auteurs peuvent contribuer pour penser ce concept actuellement.
|