Summary: | O propósito deste trabalho é apresentar uma discussão sobre a identidade cultural no processo de aprendizagem do Português Língua Estrangeira (PLE). Trataremos da caracterização de fatores que, a rigor, situam-se antes do processo de aprendizagem da língua, mas que nele têm uma participação crucial. As tensões existentes no processo de interação professor/aluno, por exemplo, podem ser um reflexo do desconhecimento das identidades em jogo, assim como, o uso de estereótipos, clichês e estigmas na elaboração da identidade do Outro. Assim, é importante pensarmos a identidade, não como uma somatória das variáveis sociais (sexo, classe, país de origem, etc.), mas como fator aglutinador das referências psico-histórico-sociais de um povo que se apresentam em um sujeito do discurso. Não é possível afirmarmos que o reconhecimento da identidade facilite ou induza a aprendizagem, mas pode dar um novo valor ao estudo de PLE, ou melhor, ao estudo de língua estrangeira, se a pensarmos como fonte de cultura e caracterização da identidade cultural. Refletindo sobre as relações sociais, encontraremos o que foi gerado pelos processos históricos e, mais fundamentalmente, aquilo que somos ou desejamos ser. Por esta razão, o estudo da identidade tem em seu fundo uma visão psicanalítica que retrata o jogo da identidade social virtual e real, explicitadas pelo sociólogo canadense Erving Goffman. À luz da antropologia social goffmaniana, reexaminaremos os conceitos de estigma, identidade social, identidade pessoal, o eu, o Outro e traçaremos um quadro de nossa identidade cultural. === The purpose of this work is to present a discussion about cultural identity in the learning process of Portuguese as a foreign language (PFL). We will look at the characterization of factors that are rigorously placed before the learning process of a language, but play a crucial role in that process. The existing tensions in the interactive process between teacher and student, for example, could reflect unfamiliarity between the identities in play, as well as the use of stereotypes, clichés and stigmas in the elaboration of the other players identity. Therefore, it is important that we consider identity not as a culmination of social variables (gender, social-economic class, ethnicity, etc.), but as a unifying factor of a peoples psycho-historic-social reference being represented through one of its members. We are unable to affirm that identity recognition facilitates or prompts learning, but it may give a new value to PFL studies, or more importantly, to the study of foreign language, if we think of it as a source of culture and a characterization of cultural identity. Reflecting upon social relations, we find what was created by historical processes, and more fundamentally, what we are or desire to be. For this reason, the study of identity has a psychoanalytical base, which portrays the virtual and real social identities in play, as explained by the Canadian sociologist Erving Goffman. In light of Goffmanian social anthropology, we will reexamine concepts of stigma, social identity, personal identity, us versus them, and we will form an idea of our own cultural identity.
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