Summary: | INTRODUÇÃO: O tratamento das neoplasias malignas anorretais exige ressecções que podem levar ao surgimento de defeitos perineais extensos. Esses defeitos necessitam de reconstrução que deve ser realizada, preferencialmente, com retalhos. Dentre eles, destacamos o retalho perfurante da artéria pudenda interna, localizado no sulco glúteo, vascularizado por vasos perfurantes cutâneos da artéria pudenda interna, e inervado por ramos do nervo pudendo e do nervo cutâneo femoral posterior. Esse retalho apresenta diversas vantagens em comparação com os outros utilizados para reconstrução perineal, e os dados relacionados à avaliação de sua sensibilidade cutânea são escassos, discrepantes e sujeitos a críticas metodológicas. OBJETIVO: Avaliar a sensibilidade cutânea do retalho perfurante da artéria pudenda interna após 12 meses da reconstrução perineal em cirurgias de amputação abdominoperineal de reto, e compará-la com a sensibilidade cutânea pré-operatória do sulco glúteo (área doadora do retalho). MÉTODOS: Estudo prospectivo com 25 pacientes submetidos à amputação abdominoperineal de reto por neoplasias malignas anorretais e reconstruídos com o retalho perfurante da artéria pudenda interna de avanço VY bilateral. As modalidades de sensibilidade tátil, dolorosa, térmica e vibratória foram analisadas em quatro áreas do sulco glúteo no pré-operatório e nas quatro áreas correspondentes do retalho 12 meses após a cirurgia. A avaliação da sensibilidade tátil foi realizada com o Pressure Specified Sensory Device(TM) (PSSD(TM)), aparelho que quantifica a pressão aplicada à pele, estática ou em movimento. As outras modalidades de sensibilidade foram analisadas com o método de escolha forçada, utilizando ponta de agulha para sensibilidade dolorosa, contato quente/frio para sensibilidade térmica e diapasão de 128 Hz para sensibilidade vibratória. RESULTADOS: Os limiares de sensibilidade tátil medidos com o PSSD(TM) no retalho perfurante da artéria pudenda interna após 12 meses da reconstrução perineal foram semelhantes aos limiares de sensibilidade tátil no sulco glúteo no pré-operatório, tanto no teste de pressão estática quanto em movimento. A comparação entre esses limiares não apresentou diferença estatisticamente significante, com valores de p superiores a 0,05 nas quatro áreas avaliadas, para ambos os testes. Todos os pacientes apresentaram sensibilidade dolorosa, térmica e vibratória nas quatro áreas testadas, tanto no sulco glúteo no pré-operatório quanto no retalho após 12 meses da cirurgia. CONCLUSÃO: Nas reconstruções perineais após amputação abdominoperineal de reto, espera-se que a sensibilidade cutânea do retalho perfurante da artéria pudenda interna seja mantida === INTRODUCTION: The treatment of anorectal malignancies requires resection that can lead to extensive perineal defects. These defects require reconstruction which should be performed, preferably, with flaps. Among them, we highlight the internal pudendal artery perforator flap, located on the gluteal fold, vascularized by cutaneous perforator vessels from the internal pudendal artery, and innervated by branches from the pudendal nerve and the posterior femoral cutaneous nerve. This flap has many advantages compared to others used for perineal reconstruction, and data related to the evaluation of its cutaneous sensibility are scarce, discrepant and subject to methodological criticisms. OBJECTIVE: To evaluate cutaneous sensibility of the internal pudendal artery perforator flap 12 months after perineal reconstruction in abdominoperineal resection of rectum, and compare it with the preoperative cutaneous sensibility of the gluteal fold (flap donor area). METHODS: A prospective study of 25 patients undergoing abdominoperineal resection of rectum for anorectal malignancies, and reconstruction with the internal pudendal artery perforator flap, in bilateral VY advancement. The modalities of tactile, pain, thermal and vibration sensibility were analyzed in four areas of the gluteal fold preoperatively and in the four corresponding areas of the flap 12 months after surgery. Tactile sensibility was assessed using the Pressure Specified Sensory Device(TM) (PSSD(TM)), a device that measures the pressure applied to the skin, static or moving. The other types of sensibility were analyzed with the forced-choice method, using a needle for pain sensibility, hot/cold contact for thermal sensibility and 128 Hz tuning-fork for vibration sensibility. RESULTS: The tactile sensibility thresholds measured with PSSD(TM) on the internal pudendal artery perforator flap 12 months after perineal reconstruction were similar to tactile sensibility thresholds of the gluteal fold preoperatively, both in static and moving pressure tests. The comparison between these thresholds showed no statistically significant difference, with p values greater than 0.05 in the four areas evaluated, for both tests. All patients presented pain, thermal and vibration sensibility in all four areas tested, on the both the gluteal fold preoperatively and the flap 12 months after surgery. CONCLUSION: In perineal reconstructions after abdominoperineal resection of rectum, it is expected that the cutaneous sensibility of the internal pudendal artery perforator flap is maintained
|