Summary: | O presente trabalho, fruto de nossas incursões pela obra de Mia Couto, aborda mais especificamente as relações entre a memória e as identidades no romance Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, considerando a sua participação na construção da moçambicanidade. Para este estudo apoiamo-nos em vários autores, que vão desde Amílcar Cabral e Frantz Fanon, dois autores de relevância nas revoluções africanas (e, especialmente, nas revoluções dos países que alcançaram as suas independências por via armada como é o caso de Moçambique) até Stuart Hall e Terry Eagleton, dois estudiosos das questões da pós-modernidade como migração, diásporas, e identidades. O trabalho focaliza ainda as relações entre a oralidade e a escrita, entre o pós-colonialismo e pós-independência, o pós-modernismo e a pós-modernidade. E, por fim, busca-se refletir sobre o lugar da literatura e o papel do narrador num romance que se movimenta num terreno pleno de conflitos, tais como aqueles que encontramos no par tradição/modernidade, cidade/campo, passado e presente. === The present study is based on our readings on Mia Couto and deals specifically with the relations between memory and identities in Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, from the perspective of its contribution to the building of a \"Mozambicanship\". Amílcar Cabral and Franz Fanon, two key authors on the issue of African revolution (mainly in the countries that attained their independence through a armed liberation struggle, which is the case of Mozambique), were among my most important theoretical references about Africa. On the questions of migration, diasporas and identities I supported my work in post-modern authors, in particular in Stuart Hall and Terry Eagleton. My work focus also on the relations between postcolonialism and postindependence, postmodernism and postmodernity, oral tradition and novel. Finally, I try to elaborate on the place of literature and the role of the narrator in a romance whose action occurs in a field of conflicts as those between urban and rural environment, tradition and modernity, past and present.
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