Summary: | INTRODUÇÃO: Com o envelhecimento da população, a prevalência de doenças crônico-degenerativas sofreu aumento progressivo. A repercussão dessas doenças sobre a capacidade funcional foi reconhecida. Outro parâmetro de saúde é a \"qualidade de vida\" ou, preferivelmente, \"qualidade de vida relacionada à saúde. A avaliação destes parâmetros emergiu como parte importante do exame clínico do idoso. Na população idosa, as doenças cardiovasculares destacam-se pelo enorme impacto epidemiológico e clínico. Elas, geralmente, vêm associadas a outras afecções, inclusive neuropsiquiátricas. Esse conjunto de problemas pode comprometer a independência e a qualidade de vida do idoso que busca tratamento cardiológico. Esses parâmetros de saúde têm sido relativamente pouco contemplados pelos cardiologistas. OBJETIVO: Avaliar, em uma população de idosos atendidos em um ambulatório de cardiologia de um hospital de referência, se os determinantes clínicos mais relevantes de dependência e de qualidade de vida são doenças e fatores de risco cardiovascular ou ainda comorbidades, particularmente as neuropsiquiátricas. MÉTODOS: Os idosos deste estudo foram selecionados aleatória e consecutivamente. Aqueles com déficit cognitivo não foram considerados para o cálculo da qualidade de vida. A avaliação clínica dos pacientes foi feita por uma única médica de acordo com os dados obtidos em seus prontuários clínicos. Os pacientes foram ainda atendidos por uma única psicóloga que aplicou um conjunto de quatro questionários: HAQ, SF-36, PRIME-MD e Mini Exame do Estado Mental. RESULTADOS: O estudo incluiu 1020 idosos, 646 (63,3%) mulheres e 374 (36,6%) homens, entre 60 e 97 anos (média: 75,56 ± 6,62 anos). Nesta população, 61,4% mostrou-se independente ou com dependência leve. O escore total de qualidade de vida foi elevado (HAQ: 88,66 ± 2,68). 87,7% dos pacientes apresentou escore total do SF-36 > 66. No domínio emocional, 44,7% apresentou índices elevados de qualidade de vida (SF-36 > 66). Idosos entre 90 e 97 anos apresentaram escores do SF-36 acima da média: 66,66 ± 4,59, no domínio emocional. A regressão logística mostrou que a associação entre os diagnósticos e graus elevados de dependência foi significante (p<0,05) para: ausência de atividade física (OR: 0,08), obesidade (OR: 2,24), acidente vascular cerebral prévio (OR: 1,97), déficit cognitivo (OR: 3,17), osteoartrite (OR: 1,64) e depressão maior (OR: 2,76). A associação entre os diagnósticos e graus mais baixos de qualidade de vida permaneceu significante para: fibrilação atrial (OR: 0,61), osteoartrite (OR: 1,79), depressão maior (OR: 6,09) e depressão menor (OR: 1,91). CONCLUSÃO: Em uma população de idosos atendidos em um ambulatório de cardiologia de um hospital de referência, os determinantes clínicos mais relevantes de prejuízos para dependência e qualidade de vida são as comorbidades não cardiovasculares, particularmente as neuropsiquiátricas === INTRODUCTION: The population aging promotes a progressive increase of chronic-degenerative diseases. The repercussion of these diseases on the functional capacity was well recognized. Another health parameter concerns quality of life or, rather, quality of life related to health. Such parameters evaluation emerged as an important part of the elderly clinical examination. Among the elderly population, cardiovascular diseases stand out due to a huge epidemiological and clinical impact. Usually, these diseases have been associated with others, including neuro-psychiatric ones. This set of problems may compromise both independence and quality of life in elderly patients who look for a cardiologic treatment. These health parameters havent been well contemplated by cardiologists. OBJECTIVE: Evaluating, among the elderly population attended in an outpatient cardiologic service, if the clinical determinants more relevant concerning dependence and quality of life are cardiologic diseases or cardiologic risk factors or even comorbidities, especially the neuro-psychiatric ones. METHODS: The elderly in this study have been selected randomly and consecutively. People with cognitive impairment have not been considered for accountability matters of quality of life. The clinical evaluation has been made by a physician according to the hospital clinical notes. The patients have also been evaluated by a psychologist who applied a set of four questionnaires: HAQ, SF-36, PRIME-MD e Mini Mental State. RESULTS: The population consisted of 1020 elderly, 63.3% women and 36.6% men, between 60 and 97 years of age (75.56 ± 6.62 years of age). Among these elderly, 61.4% were independent or slightly dependent. The quality of life total score was high (HAQ: 88.66 ± 2.68). 87.7% of the patients had SF-36 total score > 66. Regarding emotional domain, 44.7% had high quality of life scores (SF-36 > 66). Elderly between 90 and 97 years had SF-36 scores above the average: 66.66 ± 4.59, regarding emotional domain. The logistic regression model showed a significant association (p<0.05) between high dependence scores and: absence of physical activities (OR: 0.08), obesity (OR: 2.24), stroke (OR: 1.97), cognitive impairment (OR: 3.17), osteoarthritis (OR: 1.64) and major depression (OR: 2.76). The same logistic regression model showed a significant association (p<0.05) between quality of life low scores and: atrial fibrillation (OR: 0.61), osteoarthritis (OR: 1.79), major depression (OR: 6.09) and minor depression (OR: 1.91). CONCLUSION: Among an elderly population attended in an outpatient cardiologic service, dependence and quality of life clinical determinants are not cardiovascular comorbidities, especially the neuro-psychiatric ones
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