Summary: | Desde cedo na história, as cidades portuárias desenvolveram-se através de civilizações sustentadas pela economia de trocas, acabando por dominar as rotas marítimas, como a do mediterrâneo ou, mais tarde, da Liga Hanseática, e afirmando-se como lugares de movimento e mostra do seu domínio económico, do seu poder.O advento da Revolução Industrial e o progresso nos transportes, aliado à redução das barreiras comerciais e à expansão das redes de relacionamento, promoveu alterações profundas na configuração territorial das cidades, que se vêm obrigadas a deslocar as instalações portuárias para lugares mais afastados centro urbano, levando a um processo de decadência das anteriores áreas na cidade industrial.O fenómeno da globalização abre espaço para uma nova relação da cidade com as frentes de água no sentido de criar uma imagem de modernidade universal sustentada nos renovados conceitos e modelos para o espaço público e, simultaneamente, procurar novas oportunidades de relação das atividades da população e da cidade com estas frentes. Esta tendência da cultura urbanística foi adotada nalgumas cidades dos Estados Unidos, e posteriormente na Europa, marcando um conjunto de operações realizadas num período de forte desregulação económica e urbanística que caracterizou o apogeu e a crise das políticas neoliberais no final do século passado.Os projetos para as Frentes Marítimas do Porto, Matosinhos e Leça da Palmeira estabeleceram uma mudança processual e de conceptualização na prática do projeto urbano que adquiriu uma, até então, desconhecida dimensão cultural, política e social resultante dos programas e oportunidades a que nasceram associadas.No entanto, reconhece-se no desenho destas intervenções os mesmos objetivos que presidiram nos projetos de waterfronts da cultura urbanística internacional, apoiados na reconquista da dimensão pública destes espaços da cidade, conciliando a memória histórica específica de cada lugar com a herança global da catalisação de investimentos para infraestruturas urbanas e relacionadas com as atividades de lazer. === Early in history, the port cities developed by civilizations supported by exchange economy, eventually ended up dominating the sea lanes, such as the Mediterranean or, later, the Hanseatic League, and asserting themselves as places of movement and display of their economic power.The advent of the Industrial Revolution and the progress in transportation, coupled with the reduction of trade barriers and expansion of networks, promoted major changes in the territorial configuration of cities that have been forced to displace port facilities to places further away from urban centre, leading a process of decay of the above areas in the industrial city.The phenomenon of globalization opens space for a new relationship between cities and their waterfronts in order to create an image of modernity sustained in the renewed concepts and models for public space and, simultaneously seeking new opportunities regarding the activities of the population and the city with these fronts. This trend of urban culture has been adopted in some U.S. cities, and later in Europe, featuring a set of operations over a period of hard economic deregulation and urban planning that characterized the heyday of neoliberal policies and the crisis in the late nineteenth century.The waterfront projects of Porto, Matosinhos and Leça da Palmeira established a procedural and conceptualization change in the practice of urban design that has acquired a, hitherto, unknown cultural, political and social scale resulting from programmes and opportunities to which they were attached.However, it is recognized in the design of these interventions the same purpose that prevailed in the waterfront projects of international urban culture, supported by the reconquest of the public dimension of these city areas, combining the historical memory of each specific place on the global heritage of catalyzing investments in urban infrastructure and related leisure activities.
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