Do cemitério à memória. Imaterialização do espaço mortuário.

As cidades revelam as transformações e sobreposições arquitetónicas provocadas pelas alterações sociais, políticas e culturais ao longo do tempo, contando-nos a sua história. A cidade é a memória coletiva dos povos, um repositório de gerações que asseguram a sua continuidade e preservação do seu ful...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Inês de Carvalho Figueiredo
Other Authors: Faculdade de Arquitectura
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2019
Subjects:
Online Access:https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/80413
Description
Summary:As cidades revelam as transformações e sobreposições arquitetónicas provocadas pelas alterações sociais, políticas e culturais ao longo do tempo, contando-nos a sua história. A cidade é a memória coletiva dos povos, um repositório de gerações que asseguram a sua continuidade e preservação do seu fulgor. Do mesmo modo, a arquitetura fúnebre transmite-nos a evolução da relação entre os vivos e o espaço de culto, no fundo o vínculo entre os vivos e os mortos, criando espaços onde se juntam o tempo da vida finita com a eternidade. Organizam-se espaços que permitem marcar a presença de quem existiu outrora, depósitos de memórias, permanecendo o construído e o significado que a este é atribuído.Há assim um encontro com o ser ausente num espaço visível mas colectivo, mantendo vivo o que está desaparecido. É portanto necessário adequar a arquitetura mortuária às mudanças que a sociedade apresenta, contendo um suporte urbano e arquitectónico que monumentalize e suporte todas as crenças.Tendo em conta esta premissa, procura-se neste projeto apresentar um Memorial dos habitantes Durienses, entre os quais me incluo, procurar no Douro um local de relação com o divino e aí construir um espaço que permita o enlace com os entes queridos desaparecidos, glorificando simultaneamente quem contribuiu e quem continua a contribuir para a vitalidade desta região. Escolhe-se como local de implantação um espaço morto, que os vivos por norma não visitam por não ser terreno de labuta, dando simultaneamente descanso aos mortos e promovendo a deslocação do vivo lá. Elabora-se um espaço de reflexão, que permita viajar entre o passado, o presente e o futuro, tempos inerentes à vida da qual a morte faz parte. === Cities reveal architectonic transformations and overlaps caused by social, politic and cultural changes over time, telling us their history. The city is the colective alive memory of the people, a repository of generations that ensure its continuity and preservation of its brightness. Similarly, the funeral architecture transmits to us the evolution of the relationship between the living and the worship space, deep down the bond between the living and the dead, creating spaces where are joined together the finite life time with eternity. Spaces are organized, so that it's allowed to mark the presence of those who once existed, deposits of memories, remaining the buildings and the meaning that is attributed to those.There is thus an encounter with the absent being in a visible, but collective space, keeping alive those who are missing. It is therefore necessary to adapt the architecture to the mortuary changes that society presents, containing an urban and architectural support that monumentalize and support all faiths.Given this premise, this project seeks to provide a Memorial to Douro inhabitants, among whom I'm included, looking in Douro for a location with relationship with the divine and there build a space that allows the linkage with the missing loved ones, simultaneously glorifying those who contributed and continues to contribute to the vitality of this region. A dead space is chosen as the local of implantation, a local that the living ones usually don't visit as it isn't a workplace, while giving rest to the dead and promoting the movement of the living there. Drawing up a space for reflection, allowing the travel between the past, present and future, times inherent to life, of which death is part.