Summary: | Após a segunda guerra mundial tem-se vindo a verificar uma reavaliaçãoda importância e papel da natureza na nossa sociedade, sendo perceptíveluma crescente inclusão e manipulação de sistemas e processos naturaisnas artes plásticas e arquitectura, que ultrapassam o carácter social ecientífico da consciencialização e protecção ambiental para se afirmaremcomo matérias físicas e teóricas do pensamento crítico. Nos anos 60, comadvento da contra-cultura, deixa de ser entendida como elemento exteriore passível de domínio para ser englobada na cultura política e social deequilíbrio com o meio ambiente, lentamente ganhando uma preponderânciaem todas as vertentes da civilização humana. Mas se esta evidência ébastante presente no âmbito do discurso político, económico e social degrande parte das classes profissionais, no campo das artes ela é maistímida e frágil, tendo, só recentemente, reingressado no discurso teóricoe, normalmente, relacionada com vertentes mais técnicas e construtivasda arquitectura. A concepção de um mundo onde o natural se encontra emequilibrio e diálogo com o artificial, onde ser humano e natureza interagemsaudavelmente, tem significativas influências no campo conceptual eteórico das artes, contribuindo não só, para a redefinição da relação entreambos os elementos, mas também, para o reequacionar de conceitose ideias bases das disciplinas. A utilização e exploração de fenómenosnaturais nas artes plásticas e arquitectura, influiu também na relaçãoentre as várias disciplinas artísticas, evidenciando apropriações de ideiasmuito similares mas demonstrando, simultaneamente, o desfasamentotemporal das experiências com elementos naturais. Numa primeira fase,ainda nos primórdios do novo pensamento ambiental, artistas europeuse norte americanos, vulgarmente associados à Land Art ou Earthworks,começam a explorar as possibilidades criativas da inclusão e manipulaçãoda natureza na escultura e instalação, abrindo caminho para as posteriorese recentes intervenções arquitectónicas que utilizam sistemas e processoscomo o vento, a condensação, a evaporação, a luz, a energia eléctrica, omagnetismo ou o crescimento de plantas.Entre as temáticas conceptuais que o manuseamento de fenómenosnaturais revela, algumas adquirem uma especial importância pelacapacidade de colocarem em causa ideias base e, até certo ponto, préestabelecidasdo que é arquitectura. A natureza, conforme postuladopor Lavoisier, está em permanente mutabilidade e evolução no tempo,contrapondo-se, assim, à visão estática e intemporal com que aarquitectura e arte são geralmente associadas. Os projectos raramentecontemplam componentes de variação formal, variação temporal oucontrolo parcial dos seus elementos, evidenciando uma relação próximaà racionalidade e previsibilidade de manipulação completa das múltiplasvariáveis técnicas, construtivas e conceptuais, próprias do conhecimentoe pensamento humano. Ao acrescentar ou utilizar elementos naturais, ascaracterísticas de mutabilidade e evolução do natural, transferem-se paraa obra e aumentam o leque de intervenção arquitectónica. Aquilo quenos é garantido passa a ser questionado e alterado. Entre as inúmeraspossibilidades, uma obra pode agora ter um período de vida relacionado com a entropia dos materiais escolhidos, pode ter forma ou imagemque variam continuamente conforme a variação do sistema ou processonatural manipulado ou pode ser parcial ou completamente imprevisível naevolução dos elementos vivos utilizados. === After the second world war, has been seen a reassessment of theimportance and role of nature in our society, being perceived, in thevisual arts and architecture, a growing inclusion and manipulation ofnatural systems and processes that goes beyond the social and scientificawareness and environmental protection, to affirm themselves as physicaland theoretical elements of critical thinking. In the '60s, with the adventof counter-culture, nature is no longer understood as an outer domainand likely to be controled, but it's encompassed in the political and socialculture of balance with the environment, slowly gaining a preponderancein all aspects of human civilization. But if this evidence is very presentin the political, economical and social discourse of most professions, inthe arts it is more timid and fragile, having only recently been reinstatedin theoretical discourse and usually related to more technical and construction aspects of architecture. The conception of a world where thenatural is in balance and dialogue with the artificial, where humans andnature interact healthily, has significant influences on the conceptual andtheoretical fields of the arts, not only contributing to the redefinition of therelationship between both elements but also to rethink the base conceptsand ideas of the arts. The use and operation of natural phenomena in thefine arts and architecture, also influenced the relationship between thevarious artistic disciplines, showing very similar appropriations of ideas but,simultaneously, demonstrating the time lag of the experiences with naturalelements. Initially, even in the early days of the new environmental thinking,European and North American artists, commonly associated with LandArt or Earthworks, begin to explore the creative possibilities of inclusionand manipulation of nature in sculpture and installation, paving the wayfor the subsequent and recent architectural operations using systemsand processes such as wind, condensation, evaporation, light, electricalenergy, magnetism or growth of plants.Among the conceptual issues of handling natural phenomena, someacquire special importance for the ability of questioning core and, to someextent, predetermined ideas of what is architecture. As postulated byLavoisier, nature is in constant change and evolution in time, thus beingin opposition to the static and timeless vision of wich architecture andart are usually associated. Projects rarely include components of formvariation, time variation or partial control of its elements, showing a closerelationship to the rationality and predictability of handling multiple technical,construction and conceptual variables, typical of human knowledge. Byadding or using natural elements, the characteristics of changeability andevolution, transfer to the building and increase the range of architecturalintervention. What is a sure thing to us becomes questioned and changed.Among the many possibilities, a building can now have a life span relatedto the entropy of the selected material, shape or image can continuouslychange depending on the chosen natural process or may be partially orcompletely unpredictable in the evolution of the used organisms. In the sensory field of architecture and art, nature and its phenomenacan be used to alter our perception of a certain element. Phenomenologyemerges here as the theoretical basis of the manipulation of perception,influencing countless authors to seek experimentation and disclosure ofnatural phenomena that normally are sealed to our senses, changingthe spatial understanding by controlling light, or question our knowledgeand expectations of certain natural elements through the invertion of theircommon disposition and/or location.
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