Summary: | É nosso propósito, nesta dissertação, reflectir sobre as causas do subdesenvolvimento da Guiné-Bissau, avançando com a hipótese explicativa de que algumas práticas da sociedade tradicional guineense constituem um entrave ao desenvolvimento. Recorrendo ao exemplo de algumas das diversas etnias da Guiné-Bissau, mas sobretudo ao caso específico da etnia balanta, verificamos que algumas estruturas da sociedade tradicional colidem com as estruturas das sociedades ditas modernas ou desenvolvidas. Esta conclusão provisória não nos leva, todavia, a concluir que as instituições tradicionais são o obstáculo ao desenvolvimento deste país. Pelo contrário, elas têm constituído, numa parte significativa do território a única entidade administrativa aos níveis político, económico, social e judicial. Defendemos um conceito de desenvolvimento humano e integrado que se encontra distante daquele que têm tentado induzir, quer os sucessivos governos, quer as diferentes entidades de cooperação para o desenvolvimento. Defendemos como que uma auto-determinação na procura do desenvolvimento, e não uma imposição de projectos e modelos por parte de entidades externas, nem uma imitação obediente por parte dos governos nacionais, habitualmente acríticos face à desadequação de formas de modernização claramente violentas (do ponto de vista cultural e até social, por vezes) e quase sempre mal sucedidas. Chegamos, portanto, a uma conclusão final: o obstáculo ao desenvolvimento não é a sociedade tradicional guineense, mas antes a sua elite corrupta, egocêntrica, com uma concepção de utilidade pessoal face ao exercício do poder. É o modelo de desenvolvimento que esta, bem como os organismos internacionais para o desenvolvimento ali presentes, têm perseguido. Um conceito etnocêntrico, individualista, materialista, culturalmenteviolento e uniformizador(...)
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