Summary: | Com o objetivo de apreender como os estudantes indígenas e quilombolas, bolsistas do Programa
Bolsa Permanência (PBP) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL/BR), atribuem sentido às
ações afirmativas com as quais são atendidos - as cotas raciais e o referido programa de assistência
estudantil -, esta pesquisa tem como fundamento teórico central o diálogo entre a Teoria da
Representação Social e o materialismo histórico, por meio do qual foi possível compreender a
expressão política (coletiva) da política (pública), enquanto fenômeno dotado de contexto histórico
e situado numa dinâmica societária hegemônica. Para isso, utilizou-se a estratégia do estudo de caso,
através de análise documental descritiva e de entrevistas remotas com bolsistas, com posterior
abordagem dos dados coletados através da técnica de análise de conteúdo. Dessa forma, constatou-
se que os bolsistas indígenas e quilombolas concebem o sentido das cotas raciais e do PBP, situado
historicamente enquanto medida de reparação, como ação afirmativa determinada num contexto
sócio-histórico e consoante a um propósito, um projeto coletivo. Contudo, embora tal entendimento
seja comum, o grupo expressou a percepção de uma divisão entre os bolsistas que entendem a
educação superior somente como um espaço de realização pessoal e os que a associam ao projeto
coletivo, compreendendo-a, dessa forma, como um espaço de formação de referências "intelectuais
orgânicas". Assim, parâmetros analíticos sobre as ações afirmativas foram estabelecidos, tendo em
conta não apenas o caráter de pretensa política pública de reparação histórica, mas o caráter de
formação de intelectuais dedicados às causas dos povos e comunidades remanescentes, através da
educação superior.
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