Meninos e meninas do rio: infância urbana, mundo natural e experiências ao ar livre na cidade contemporânea

A presente dissertação, realizada no âmbito do Mestrado em Ciências da Educação, domínio Infância, Família e Sociedade, se propõe a compreender as experiências socioculturais de um grupo de crianças moradoras do Centro Histórico do Porto, Portugal, em especial a tradicional brincadeira de saltar no...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Fernanda Elisa Pondé Brito
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/137539
Description
Summary:A presente dissertação, realizada no âmbito do Mestrado em Ciências da Educação, domínio Infância, Família e Sociedade, se propõe a compreender as experiências socioculturais de um grupo de crianças moradoras do Centro Histórico do Porto, Portugal, em especial a tradicional brincadeira de saltar no rio. Apoiada numa perspectiva teórico-conceitual multireferenciada aos contributos da Sociologia da Infância, dos Novos Materialismos, da Antropologia Ecológica bem como da Geografia e Antropologia Urbanas assume-se a construção da noção da infância como um fenômeno complexo e reconhece-se a agência das crianças e das materialidades na inter-relação cotidiana, enquanto dinâmicas relacionais significativas de corpos, espaços e tempos urbanos e ribeirinhos. A pesquisa qualitativa, de inspiração etnográfica, com crianças/jovens de 5 a 16 anos, suas famílias, atores diversos da comunidade e entidades outras não-humanas, e a análise de conteúdo de notas de terreno, entrevistas-conversa, fotografias e fontes documentais escritas e audiovisuais, apontam que i) as experiências do estar e ser criança nesta comunidade são construídas a partir das suas agências na construção das espacialidades, temporalidades e materialidades vividas no seu contexto atual e multifatorial de zona histórica impactada pela gentrificação e investimento turístico; ii) através de processos de geracionalização, meninos e meninas do rio participam nas tradições de sua cultural local, agindo como aprendizes e mestres na circulação de saberes e fazeres dentro da sua comunidade de forma inter e intrageracional; iii) as experiências das crianças/jovens com o rio e com outras vivências ao ar livre co-existem numa teia relacional multifatorial atravessada pelas culturas mediáticas e tecnológicas e que leva a construção de uma identidade com ressignificações da cultura local, mas também nacional e globalizada; iv) os espaços abertos e públicos das cidades são importantes nos processos de educação não formal das crianças/jovens e no exercício das suas competências de auto/heteroconhecimento da realidade humana e não humana envolvente; v) o usufruto das ruas da cidade é um direito de todos/as e deve ser alvo das políticas públicas construídas, inclusive, através das participação e escuta das próprias crianças.