Summary: | Este trabalho é um estudo que decorre do mapeamento sonoro realizado na região de Azevedo, em Campanhã, zona oriental da cidade do Porto. Tal experiência insere-se em um projeto que visa à implantação de um aparelho sócio-cultural na localidade, com produção artística e ativa participação comunitária. O objetivo do mapeamento é constituir um banco que registe as diversas paisagens sonoras encontradas e, a partir dele, criar intervenções, instalações sonoras e design de som para a produção audiovisual do projeto, além de fornecer substrato para a análise das singularidades espaciais do entorno. O trabalho divide-se em duas partes que refletem as etapas percorridas na prática do mapeamento. Na primeira delas, analiso a captação e as gravações em campo e relaciono-as às noções de ecologia sonora apresentadas pelos autores adeptos do soundscape; e às práticas da flânerie, da visita dadaísta e das derivas letrista e situacionista. Proponho também considerar o gravador de campo como autor - em outras palavras, enquanto aquele que desempenha a função de criador ao registar o material sonoro. Passa-se, ainda nesta primeira parte, ao exame das descrições realizadas em um diário de gravações, no qual se registaram as ações de deambulação e as catalogações do material. Na segunda parte, apresento duas intervenções produzidas a partir do mesmo mapeamento sonoro, uma performativa e outra expositiva. A intenção é expor as estratégias de cada uma para promover a reflexão acerca do espaço através da paisagem sonora parcialmente deslocada e ressignificada pelo suporte e pela manipulação a que é submetida. Trata-se do relato de experiência e do desenvolvimento teórico de uma ação interventiva continuada que se serve dela ao mesmo tempo em que dispara reverberações futuras. === This work is a study that proceeds from a sound mapping held in the region of Azevedo, Campanhã, eastern of Porto city. This experiment is part of a project that aims to implement a social-cultural apparatus in the locality, with artistic production and active community participation. The purpose of this mapping is to constitute a repository, which registers the various found soundscapes, and, from it, to create interventions, sound installations, and sound designing for the project's audiovisual production, besides to provide substratum to analyze the spatial singularities of the surroundings. I divided this work into two parts that reflect the steps taken in the practice of mapping. In the first one, I investigate sound capture and field recordings and relate them to the notions of sound ecology, as defended by soundscape authors; and to the practice of flânerie, of dadaist visit and letrist and situationist drift. I also propose considering the field recordist as an author - in other words, as the one who performs the function of a creator as he/she registers the sound materials. Then I exam the descriptions made in the recording diaries, which contain the walking actions and cataloging of the material. In the second part, I present two interventions created from this sound mapping: a performative and an expositive one. The aim is to expose the strategies of each one on promoting reflection about space through a partially displaced and re-signified soundscape. This study embraces an experience report and a theoretical development of an ongoing interventional project that makes use of it and, at the same time, triggers future reverberation.
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