Ser cuidador/a formal de idosos em tempo de pandemia: riscos agravados, invisibilidades reproduzidas?

No início do ano de 2020 foi declarada, pela Organização Mundial de Saúde, pandemia o problema de saúde pública associado à infeção por coronavírus. Esta pandemia veio colocar em situação de risco crítico a população idosa, e dar visibilidade a um problema já conhecido. Durante a fase pandémica, tem...

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Bibliographic Details
Main Author: Catarina Almeida de Sousa
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/134887
Description
Summary:No início do ano de 2020 foi declarada, pela Organização Mundial de Saúde, pandemia o problema de saúde pública associado à infeção por coronavírus. Esta pandemia veio colocar em situação de risco crítico a população idosa, e dar visibilidade a um problema já conhecido. Durante a fase pandémica, tem-se observado vários problemas associados às estruturas de apoio à população idosa em Portugal. A questão não é recente, mas tornou-se emergente na conjuntura atual. Dada a importância que se atribui à permanência do idoso no domicílio, evitando a institucionalização, o Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) é a resposta social que mais cresce em Portugal. Os cuidadores formais de assistência domiciliar estão na linha da frente, a auxiliar pessoas vulneráveis nas suas casas durante a pandemia. Não obstante, também eles.as se encontram em situação particularmente vulnerável, atendendo à sua situação de emprego e às suas condições de trabalho. Assim, o objetivo da presente dissertação é analisar a atividade de trabalho dos cuidadores formais, que prestam cuidados de apoio domiciliário durante a pandemia. Estes trabalhadores enfrentam já uma situação crítica, como tal, interessa compreender as alterações sentidas ao nível das exigências e da exposição a riscos, compreender como foram afetados pelo surto, quais as mudanças e desafios no seu trabalho diário, bem como as suas reações à pandemia de COVID-19. Seguiu-se uma investigação qualitativa recorrendo a um diário de atividade e à realização de entrevistas semiestruturadas, junto de cinco cuidadoras formais que prestam serviço de apoio domiciliário. Os resultados indicam que a atividade de cuidar é bastante complexa e exigente, com custos físicos e psicológicos não negligenciáveis para quem a exerce. Verifica-se que a pandemia de COVID-19 veio intensificar as dificuldades e fez emergir novos desafios. Os resultados sugerem que os cuidadores sofreram implicações no bem-estar físico e psicológico devido ao aumento da carga física e mental de trabalho. Os trabalhadores descreveram preocupações em torno da segurança no local de trabalho, a saúde dos utentes e alterações fundamentais no relacionamento com os mesmos. A importância do trabalho destes profissionais parece ter ganho, no contexto da crise de saúde pública atual, uma oportunidade acrescida de reconhecimento. Mas, será que esta visibilidade será consequente, no plano da regulação das suas condições de emprego e de trabalho?