O stress ocupacional vivenciado por professores de educação especial em regime de teletrabalho durante a pandemia de Covid-19

Em 2020, o vasto número de casos de Covid-19 confirmados em todo o mundo (Mehta et al., 2020) provocou um crescimento exponencial do teletrabalho. Uma das profissões que teve de adotar o teletrabalho foi a dos professores de educação especial, a qual, naturalmente, já tem desafios particulares (Hayd...

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Bibliographic Details
Main Author: Inês Sousa Alves
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/134880
Description
Summary:Em 2020, o vasto número de casos de Covid-19 confirmados em todo o mundo (Mehta et al., 2020) provocou um crescimento exponencial do teletrabalho. Uma das profissões que teve de adotar o teletrabalho foi a dos professores de educação especial, a qual, naturalmente, já tem desafios particulares (Haydon et al., 2018), tornando ainda mais complicada uma transição para o teletrabalho. De facto, Fimian e Santoro (1983) exploraram o stress ocupacional em professores de educação especial e verificaram uma grande presença do mesmo nestes profissionais, tendo ainda Bentley et al. (2016) referido o stress ocupacional como uma das consequências do teletrabalho. Desta forma, através da realização de um estudo de caso (Brewerton & Millward, 2001; Yin, 2009) procurou-se: (1) descrever e explorar a forma como os professores de educação especial vivenciam o regime de teletrabalho considerando o stress ocupacional; (2) identificar as principais fontes de stress ocupacional em professores de educação especial que se encontrem em regime de teletrabalho e (3) identificar as consequências do stress ocupacional vivenciado por professores de educação especial que se encontrem em regime de teletrabalho. Os dados foram recolhidos através da realização de entrevistas semiestruturadas a oito profissionais do género feminino com idades entre os 46 e os 59 anos e a análise dos dados foi efetuada através da análise de conteúdo temática (Bardin, 2016). Com os resultados verifica-se que, apesar de terem sido referenciadas mais vezes vivências de distress, todas as participantes experienciaram tanto distress como eustress enquanto em teletrabalho. A fonte de distress mais referida foi o isolamento social e profissional e a maior proximidade com alunos e seus familiares foi a fonte de eustress mais mencionada. Quanto às consequências do stress ocupacional, foram relatadas duas, ambas negativas, sendo a exaustão emocional referida pela maioria dos participantes. Este estudo permitiu uma maior compreensão sobre como é vivenciado o stress ocupacional em professores de educação especial em regime de teletrabalho e constituiu um ponto de partida para futuras investigações sobre esta temática. Os seus resultados chamam a atenção para a necessidade da adoção de políticas que facilitem o desempenho da função destes profissionais em teletrabalho, de modo a combater o stress ocupacional nos mesmos, através, por exemplo, da alteração das cargas de trabalho e de planos de formação direcionados ao desenvolvimento das competências digitais dos teletrabalhadores.