Os efeitos da Trazodona na cognição humana: uma revisão sistemática

A trazodona é um antidepressivo amplamente utilizado, útil também no controlo da agitação e da insónia na doença de Alzheimer. É atualmente reconhecido um novo mecanismo de ação para a trazodona, com base nos seus efeitos na via da Unfolded Protein Response (UPR), restaurando a tradução de proteínas...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ana Mafalda Gonçalves Gonçalo
Other Authors: Faculdade de Medicina
Format: Others
Language:English
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/134547
Description
Summary:A trazodona é um antidepressivo amplamente utilizado, útil também no controlo da agitação e da insónia na doença de Alzheimer. É atualmente reconhecido um novo mecanismo de ação para a trazodona, com base nos seus efeitos na via da Unfolded Protein Response (UPR), restaurando a tradução de proteínas e atrasando a progressão neurodegenerativa em ratos. Esses mecanismos poderão ser encarados como promissores no tratamento modificador da demência. Para explorar os efeitos da trazodona na cognição humana e procurar evidências clínicas de seus supostos benefícios em doenças neurodegenerativas, foi elaborada uma revisão sistemática para estudos que avaliaram o efeito de um mínimo de 25 mg de trazodona por dia, durante pelo menos uma semana, na cognição de indivíduos saudáveis ou com qualquer patologia com dezoito anos ou mais. A pesquisa foi realizada na MEDLINE, Web of Science e CENTRAL a partir das bases de dados da Cochrane, resultando num total de 16 estudos, após a seleção. Desses, sete estudos não evidenciaram qualquer efeito da trazodona sobre a cognição, cinco demostraram um efeito benéfico ao melhorar ou reduzir o declínio cognitivo e quatro evidenciaram função cognitiva deteriorada. A nossa análise destaca a possibilidade de um efeito duplo, dose-independente, da trazodona na cognição humana, com a utilização aguda associada ao comprometimento da função cognitiva e o uso a longo prazo com prevenção da deterioração da mesma. Não houve evidência de que a trazodona pudesse ser usada como um tratamento ativo de doenças neurodegenerativas por si só, mas a maioria (n = 12) dos nossos resultados indicam que o fármaco não possui efeito cognitivo prejudicial a longo prazo. Assim, estudos futuros devem explorar o papel da trazodona na via da UPR e as implicações em doenças neurodegenerativas em humanos. === Trazodone is a widely used antidepressant, also useful in the control of agitation and insomnia in Alzheimer's disease. It is now recognized a new mechanism of action for trazodone, based on its effect on the Unfolded Protein Response (UPR) pathway, restoring protein translation and slowing neurodegenerative progression in mice. These mechanisms may be seen as promising in dementia modifying treatment. To explore the effects of trazodone on human cognition and search for clinical evidence of its putative benefits in human's neurodegenerative diseases, a systematic review was conducted for studies that evaluated the effect of a minimum of 25 mg of trazodone daily, for at least one week, in the cognition of healthy or diseased patients with eighteen years or more. The search was run in MEDLINE, Web of Science, and CENTRAL from Cochrane databases, yielding a total of 16 studies, after selection. Overall, seven studies showed no effect of trazodone on cognition, five showed a beneficial effect by improving or reducing cognitive decline and four evidenced impaired cognitive function. Our analysis highlights the possibility of a dose-independent dual effect of trazodone on human cognition, with acute utilization associated with impaired cognitive function and long-term use with cognitive deterioration prevention. There was no evidence that trazodone could be used as an active treatment of neurodegenerative diseases itself, but the majority (n=12) of our findings indicate that it has no long-term cognitive detrimental effect. Future studies should explore trazodone's role in the UPR pathway and the implications in neurodegenerative diseases in humans.