Summary: | Introdução: Entre as causas de lesão renal aguda (LRA) neonatal, as pós-renais são as menos frequentes e estão habitualmente associadas a obstrução do trato urinário no contexto de malformações congénitas. Pretendemos investigar o prognóstico dos doentes com LRA pós-renal, identificar fatores de risco de morbilidade associados e relacioná-los com achados imagiológicos, antes e após o nascimento.
Materiais e métodos: Realizámos um estudo observacional retrospetivo que incluiu 12 recém-nascidos, internados na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, entre janeiro 2010 e dezembro 2018, com o diagnóstico de LRA pós-renal. Os dados de cada indivíduo foram extraídos dos seus respetivos registos clínicos eletrónicos e submetidos a análise descritiva.
Resultados: Dos pacientes considerados, 50% (6) recuperaram, 8.3% (1) melhoraram, 8.3% (1) morreram e 33.3% (4) desenvolveram doença renal crónica, durante o seguimento. Cinco casos tiveram diagnóstico de obstrução congénita do trato urinário inferior (LUTO), 60% com diagnóstico pré-natal concomitante de oligohidrâmnios. Durante o seguimento, 22.2% dos casos registaram valores de nadir de creatinina ≥ 1 mg/dL.
Discussão: Os doentes com LUTO congénita com oligohidrâmnios registaram pior prognóstico, quando comparados com os doentes sem oligohidrâmnios. Houve um número significativo de doentes que evoluiu para doença renal crónica, o que está diretamente relacionado com a sua doença de base.
Conclusão: A LRA pode causar declínio progressivo da função renal, mesmo a curto prazo. A monitorização pré e pós-natal das anomalias congénitas, o seu diagnóstico e tratamento atempados e adequados são determinantes no prognóstico destes doentes. Marcadores de morbilidade identificados, como o nadir de creatinina, podem ser úteis para aplicação em casos de IRA pós-renal por outras causas, que não apenas as válvulas da uretra posterior. === Introduction: Among the causes of neonatal acute kidney injury (AKI), postrenal causes are the least frequent and are usually associated with urinary tract obstruction in the context of congenital malformations. We aim to investigate outcomes of postrenal AKI patients, identify morbidity factors and relate them with imaging findings before and after birth.
Material and methods: We conducted an observational retrospective study, including 12 neonates admitted at our Neonatal Intensive Care Unit, between January 2010 and December 2018, with the diagnosis of postrenal AKI. Data from each individual was extracted from their respective electronic clinical record and submitted to descriptive analysis.
Results: Among the patients considered, 50% (6) recovered, 8.3% (1) improved, 8.3% (1) died and 33.3% (4) developed chronic kidney disease, during follow-up. Five cases were diagnosed with congenital lower urinary tract obstruction (LUTO) and 60% of them had oligohydramnios. During follow-up, 22.2% of cases registered nadir creatinine values consistently ≥1 mg/dL.
Discussion: Patients with congenital LUTO and oligohydramnios evolved less favorably when compared with those without oligohydramnios. There was a significant number of patients that developed chronic kidney disease which is directly related with the prenatal underlying disease.
Conclusion: Postrenal AKI may cause decline of renal function even in the short term. The prenatal and postnatal monitoring of congenital anomalies, diagnosis and systematic therapeutic approach are determinant to the prognosis of these patients. Identified morbidity markers, such as nadir creatinine, can be useful to other causes of AKI other than posterior urethral valves.
|