Summary: | Introdução e objetivos: A implantação da válvula aórtica por via percutânea (TAVI) é um procedimento cada vez mais utilizado. A utilização da ecografia como método auxiliar à punção arterial pode reduzir as complicações vasculares e hemorrágicas associadas a este procedimento. Os objetivos deste estudo foram: 1) avaliar o impacto da utilização do acesso ecoguiado nas complicações vasculares e hemorrágicas e na mortalidade a 30 dias associadas à TAVI e 2) identificar os preditores dessas complicações.
Métodos: Todos os pacientes submetidos a TAVI por via transfemoral entre janeiro e dezembro de 2017 (acesso guiado por fluoroscopia) e entre junho de 2018 e maio de 2019 (acesso ecoguiado) foram incluídos (n=230). A ocorrência de complicações vasculares e hemorrágicas, mortalidade a 30 dias e os endpoints compostos de 1) ocorrência de complicações vasculares ou hemorragia e 2) ocorrência complicações vasculares ou hemorragia ou necessidade transfusional de ≥2 unidades de glóbulos vermelhos (UGV) foram comparados entre os dois grupos.
Resultados: As complicações hemorrágicas (24,3% vs 9,4%, p=0,003), vasculares (27,7% vs 16,9%, p=0,05) e a mortalidade a 30 dias (13,9% vs 1,8%, p=0,001) foram mais frequentes no grupo da fluoroscopia. Na análise multivariada, a utilização do acesso ecoguiado foi preditor independente de menos hemorragia (OR=0,408, IC95% 0,170 - 0,982, p=0,045) e de menos eventos compostos de complicações vasculares ou hemorragia ou necessidade transfusional de ≥2 UGV (OR=0,509, IC95% 0,264 - 0,979, p=0,043). Um IMC superior a 26,64 kg/m2 foi protetor para as complicações vasculares (11,6% vs 36,4%, p<0,001). Ajustando para o EUROscore II, o acesso ecoguiado não se manteve preditor de maior mortalidade a 30 dias.
Conclusão: Os acessos ecoguiados reduziram as complicações vasculares e hemorrágicas e a mortalidade a 30 dias associadas à TAVI. O IMC associou-se à ocorrência de menos complicações vasculares, evidenciando o paradoxo da obesidade associado aos procedimentos TAVI. === Introduction and Objectives: Transcatheter aortic valve implantation (TAVI) is an increasingly used technique. The use of ultrasound guidance for femoral artery puncture can reduce vascular and bleeding access-related complications. The objectives of this study were: 1) to evaluate the impact of echo-guided access on TAVI-related vascular and bleeding complications and 30-day mortality and 2) to identify the predictors of these outcomes.
Methods: Patients who underwent transfemoral TAVI between January and December 2017 (fluoroscope-guided access) and between June 2018 and May 2019 (echo-guided access) were included (n=230). The occurrence of vascular and bleeding complications, 30-day mortality and the composite endpoints of 1) any vascular or bleeding complications; and 2) any vascular or bleeding complications or the need for transfusion of ≥2 units of red blood cells (URBC) between the two groups were compared.
Results: Haemorrhage (24,3% vs 9,4%, p=0,003), vascular complications (27,7% vs 16,9%, p=0,05) and 30-day mortality (13,9% vs 1,8%, p=0,001) were more common in the fluoroscopy-guided group. In multivariable regression, the use of echo-guided access was an independent predictor of less haemorrhage (OR=0,408, IC95% 0,170-0,82, p=0,045) and the composite of any vascular or bleeding complication or the need for transfusion of ≥2 URBC (OR=0,509, IC95% 0,264-0,979, p=0,043). A BMI greater than 26,64 kg/m2 was protective against vascular complications (11,6% vs 36,4%, p<0,001). Concerning 30-day mortality, echo-guided access did not remain a predictor after adjusting for EuroSCORE II.
Conclusion: Echo-guided accesses reduced TAVI-related vascular and bleeding complications and 30-day mortality. BMI was associated with fewer vascular complications, highlighting the obesity paradox associated with TAVI procedures.
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