Summary: | Introdução: A lateralização da zona epileptogénica em doentes com epilepsia refratária permanece desafiante, e recursos adicionais poderão vir a ser úteis para esse fim. Existem associações entre diferentes estados de ativação autonómica e variações na assimetria na temperatura da membrana timpânica (ATMT), bem como entre crises epilépticas e alterações hemodinâmicas na artéria carótida interna ipsilateral ao hemisfério de origem da crise no período peri-ictal. Colocamos como hipótese que crises epilépticas possam influenciar a ATMT, e que essa assimetria possa estar correlacionada com o hemisfério de origem da crise.
Métodos: Foram recrutados doentes consecutivamente internados numa unidade de monitorização de epilepsia, na qual estiveram sob vigilância por video-EEG e onde lhes foi medida a temperatura timpânica bilateral regularmente ao longo do período de internamento. Estas temperaturas foram comparadas com as registadas depois de possíveis crises epilépticas. A lateralização das crises foi determinada através da análise da semiologia ictal e dos registos de video-EEG.
Resultados: Doentes que tiveram crises durante o internamento revelaram temperaturas basais tendencialmente mais elevadas nos ouvidos direitos, enquanto que, cinco minutos após uma crise, as temperaturas registadas tenderam para o lado esquerdo, em relação ao basal de cada doente. A comparação entre os registos de temperatura pós-ictais das crises esquerdas e das crises direitas revelou padrões de variação simétricos.
Conclusão: Os nossos resultados sugerem que a ATMT basal de um doente pode estar relacionada com a sua suscetibilidade para ter uma crise epiléptica, e também que o padrão de variação desta assimetria entre o pós-ictal imediato e uma hora pós-ictal poderá ajudar na distinção entre crises com origem no hemisfério direito ou no esquerdo. Seria necessária uma amostra maior para ser possível chegar a conclusões mais significativas. === Introduction: Lateralization of the epileptogenic zone remains challenging in some refractory epilepsy patients, and additional sources of information would be useful. There is evidence linking different states of autonomic activation with varying degrees of asymmetry in tympanic membrane temperature (ATMT), and epileptic seizures with hemodynamic changes in the internal carotid artery ipsilateral to the seizure onset in the peri-ictal period. We hypothesized that epileptic seizures could influence ATMT though these processes and that this asymmetry could correlate to the hemisphere of seizure onset.
Methods: We recruited patients consecutively admitted to an epilepsy monitoring unit, where they were under video-EEG monitoring and measured their bilateral tympanic temperatures periodically. These measurements were compared to temperatures measured after any epileptic seizures (as soon as feasible, 5 minutes and one hour afterwards). Lateralization of seizures was determined by analysis of semiology and EEG records.
Results: Patients who had seizures while admitted tended to have higher basal temperatures in their right ears, and five minutes after a seizure tympanic temperatures tended to be higher in the left ear, regardless of onset. Comparison of post-ictal temperature records from right and left-sided seizures suggested symmetrically opposite patterns of variation.
Conclusion: Our results suggest that patients' basal ATMT might correlate with susceptibility to seizures, and also that the pattern of variation of this asymmetry between the immediate post-ictal and one hour post-ictal could help distinguish right from left hemisphere-onset seizures. A larger study sample will be necessary to draw more definitive conclusions.
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