Summary: | O aliciamento sexual de menores na Internet pode ser definido, em termos gerais,
como o conjunto de procedimentos a partir dos quais um adulto procura ativamente o
contacto com um menor, com a finalidade de desenvolver com este um relacionamento
sexualizado ou de concretizar comportamentos de natureza sexual com essa criança ou
jovem. Para esse efeito, serve-se de ferramentas digitais, como a Internet, redes sociais, jogos
em rede ou salas de conversação (chat), entre outros, seja com recurso a computadores, seja
com recurso a smartphones ou a tablets.
O presente estudo visa explorar e compreender as principais diferenças e
semelhanças entre as vulnerabilidades que uma eventual vítima deste aliciamento poderá
revelar e a forma como a sociedade as perceciona, procurando aprofundar contributos de
estudos anteriores. Para tal, recorreu-se a uma metodologia mista, procedendo à realização
de 2 mini estudos (um qualitativo e outro quantitativo), onde a fase qualitativa teve o objetivo
de preparar e informar a fase quantitativa. No primeiro estudo foram analisadas 5 entrevistas
a informantes privilegiados (1 ofensor e 4 vítimas), através da análise temática de Braun &
Clarke, de modo a explorar as vulnerabilidades que um menor, vítima de aliciamento sexual
online, poderá apresentar. Os dados dessa análise guiaram a elaboração de um questionário
que teve como objetivo principal descrever o conhecimento que a população portuguesa
detém sobre estas vulnerabilidades.
Os dados que resultaram do estudo 1 permitiram a revelação de 4 grandes temas,
organizados em torno da adolescência, fase desenvolvimental que engloba um conjunto de
vulnerabilidades que fazem dos menores potenciais vítimas de aliciamento sexual online,
tendo por base a construção identitária, a experiência emocional, a rede de pares e a educação
(formal e/ou informal). Já o estudo 2 possibilitou a perceção de que a amostra de inquiridos
reconhece a maioria das vulnerabilidades identificadas no estudo anterior (com exceção da
educação informal por pares) e foi capaz de apresentar possíveis soluções para a redução das
mesmas. Apesar deste resultado global, muito similar, encontraram-se algumas variações
entre as vulnerabilidades identificadas nas vítimas e o conhecimento demonstrado pela
amostra.
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