Seres e saberes - outridades e violências: contributos decoloniais para a desconstrução de privilégios

Este estudo tem o intuito de interpretar a relação entre privilégio e violência sob a ótica da modernidade/colonialidade, bem como discutir possíveis caminhos pedagógicos e decoloniais para desconstrução dos privilégios. Para isso, demonstro como a colonialidade (Quijano, 2005; 2009) manifesta-se at...

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Bibliographic Details
Main Author: Kaio Marcelo Soares Lacet
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/134292
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Educational sciences
Ciências sociais::Ciências da educação
Social sciences::Educational sciences
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Kaio Marcelo Soares Lacet
Seres e saberes - outridades e violências: contributos decoloniais para a desconstrução de privilégios
description Este estudo tem o intuito de interpretar a relação entre privilégio e violência sob a ótica da modernidade/colonialidade, bem como discutir possíveis caminhos pedagógicos e decoloniais para desconstrução dos privilégios. Para isso, demonstro como a colonialidade (Quijano, 2005; 2009) manifesta-se através de uma lógica violenta de desqualificação e negação epistêmica e ontológica nos âmbitos do poder, do saber e do ser (Mignolo e Walsh, 2018; Mignolo 2003a). Num primeiro momento, discuto como o padrão de subjetividade normativo e pretensamente universal estabelecido na modernidade/colonialidade (Grosfoguel, 2007, 2016; Lander, 2005) foi erigido através de um locus privilegiado de enunciação que logrou efeitos violentos na Educação sob a forma da colonialidade da educação escolar (Ramalho, 2019). A partir disso, encaminha-se a discussão sobre a produção de outridades (Carneiro, 2005; Hall, 2014) através das diferenças coloniais, com base na análise dos sistemas de opressão pautados por raça, gênero e sexualidade e conforme as interpretações de feministas negras e latinoamericanas (Lugones, 2020; Segato, 2012; hooks, 1995). Foram analisados alguns dados sobre a violência no Brasil (2008-2018), provenientes do Atlas da Violência 2020 e do 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, documentos publicados pelas agências brasileiras Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Objetivou-se com essa análise perceber como o paradigma de guerra da colonialidade naturaliza experiências violentas na vida dos seres subalternizados (Maldonado-Torres, 2007, 2008b). Ademais, essa conceituação foi necessária para estabelecer as relações do par privilégio-violência (Collins, 2019; 1997) como um produto da modernidade/colonialidade. À guisa de uma conclusão, apresento uma discussão sobre algumas premissas, baseadas nas pedagogias decoloniais (Walsh, 2017a, 2017b), que podem orientar os trabalhos para identificar, desafiar, desestabilizar e desarticular privilégios (Curry-Stevens, 2007; Pease, 2010). === This study aims to interpret the relationship between privilege and violence from the perspective of modernity/coloniality, as well as to discuss decolonial pedagogical ways to deconstruct privileges. It demonstrates how coloniality (Quijano, 2005; 2009) manifests itself through a violent logic of epistemic and ontological disqualification and denial in the spheres of power, knowledge and being (Mignolo e Walsh, 2018; Mignolo 2003a). At first, I discuss how the standard of normative and supposedly universal subjectivity established in modernity/coloniality (Grosfoguel, 2007, 2016; Lander, 2005) was erected through a privileged locus of enunciation that achieved violent effects in Education in the form of the coloniality of school education (Ramalho, 2019). From this point, it is carried out a discussion on the production of otherness (Carneiro, 2005; Hall, 2014) through the tool of colonial differences, based on the analysis of systems of oppression based on race, gender and sexuality and according to the interpretations of black and latin americans feminists (Lugones, 2020; Segato, 2012; hooks, 1995). Some data on violence in Brazil (2008-2018) were analyzed from the Atlas of Violence 2020 and the 14th Brazilian Yearbook of Public Security, documents published by the Brazilian agencies the Brazilian Public Security Forum and the Institute for Applied Economic Research. The objective of this analysis was to understand how the war paradigm naturalizes violent experiences in the lives of subalternized beings (Maldonado-Torres, 2007, 2008b). Furthermore, this conceptualization was necessary to establish the relations between privilege and violence (Collins, 2019; 1997) as a product of modernity/coloniality. As a conclusion, I present a discussion on some premises, based on decolonial pedagogies (Walsh, 2017a, 2017b), that can guide the work to identify, challenge, destabilize and dismantle privileges (Curry-Stevens, 2007; Pease, 2010).
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