Summary: | A transição entre ensino secundário e ensino superior constitui um desafio aos
sistemas educativos, apostados em aumentar a qualificação académica continuada
dos/as seus/suas cidadãos/ãs. A investigação sobre os processos de transição para o
ensino superior tem incidido maioritariamente na influência de fatores individuais e
sociais, sendo menos explorados os efeitos de fatores pedagógicos e curriculares. Neste
projeto, partimos da ideia de que as práticas pedagógicas nos dois níveis de ensino
apresentam algumas diferenças, motivadas por dissemelhanças nas características
institucionais, na formação docente e na organização pedagógica e curricular. A
investigação teve como principal objetivo perceber como é que as diferenças
institucionais, pedagógicas e curriculares influenciam os processos de transição e como
é que estes podem ser melhorados. Para tal, mobilizou-se uma metodologia mista, com
recurso a métodos de recolha e análise de dados de natureza quantitativa e qualitativa.
Para explorar a temática foi fundamental compreender as perspetivas de estudantes e
de docentes do ensino secundário e do ensino superior, o que possibilitou aprofundar e
cruzar perceções sobre o tema. Os resultados indicam que os/as estudantes identificam
diferenças entre o ensino secundário e o ensino superior, evidenciando a passagem de
uma lógica centrada na relação pedagógica, no ensino secundário, para uma lógica
centrada no conhecimento, mais presente no ensino superior. Os discursos dos/as
docentes corroboram estas perspetivas, evidenciando-se práticas focadas no apoio e
acompanhamento dos/as alunos/as, no ensino secundário, e um foco no
desenvolvimento da autonomia dos/as estudantes, no ensino superior. Estas diferenças
parecem gerar dificuldades nos processos de transição, assinaladas por estudantes e
docentes, ao nível do desenvolvimento de competências transversais que possibilitem
uma efetiva preparação para a transição para o ensino superior. Os resultados
evidenciam características institucionais e das políticas educativas vigentes que limitam
uma melhor preparação e apoio dos/as estudantes nos seus processos de transição.
Destes resultados emergem possibilidades de articulação entre o ensino secundário e o
ensino superior, potenciadoras dos processos de transição e dos percursos formativos
dos/as estudantes.
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