Summary: | Uma reflexão não apenas sobre arquitetura, mas acerca do percurso interseccional
que poderá resultar da sua representação através da imagem-movimento. Desta forma,
pretende-se falar de representação e não apenas de realidade, uma vez que a subjetividade
interpretativa de cada objeto estará sempre aliada ao inconsciente subjetivo e ao entendimento
do conhecimento adquirido ao longo de cada percurso individual. Assim, a presente reflexão
assenta na desconstrução do cânone contemporâneo da representação geral da arquitetura - a
imagem - para, a partir da ideia de que nada é estático e de que tudo é consequente de um
devir inerente à própria existência, colocar em causa se o movimento permanente pelo qual
as coisas se transformam é um dos fatores essenciais no processo de criação de espaço e na
sua representação - assumindo que a linguagem fotográfica poderá, porventura, ter entrado
num esgotamento representativo derivado do empobrecimento do seu valor enquanto
representação da expressão arquitetónica.
Enquanto que Fernando Távora (1923-2005) fala do devir no seu diário de bordo
de 1960, Henri Bergson (1859-1941) refere-o enquanto parte integrante da perceção
cinematográfica, pelo que ambas as observações se enquadram numa premissa existencial
que coloca o tempo como fator determinante para a perceção da realidade. E essa, no que
à essência espacial diz respeito, talvez se deva percecionar no decorrer de um percurso (in)
consciente que coloca o observador no centro de um infinito número de pontos de vista que
fazem parte do vocabulário tridimensional da existência humana. Assim sendo, quais serão
as potencialidades da captação desse "percurso" com uma câmara de filmar? === A reflection not only about architecture but also on the intersectional path that
may result from its representative capacity through the image-movement. It is intended to
discuss representation and not just reality, given that the interpretive subjectiveness of each
object will always be linked to the subjective unconscious and to the understanding of all the
knowledge acquired along with each individual journey. Thus, the present reflexion is based
on the deconstruction of the contemporary canon of the architecture's general representation
- the image. From the idea that nothing is motionless and that everything is a consequence of a
transformative action that is inherent to self-existence, it is questioned whether the permanent
movement by which things transform themselves is one of the essential factors in the process
of creating space and representing it. All this through the assumption that photographic
language may perhaps have transformed itself into a state of exhaustion derived from the
impoverishment of its value as a representation of architectural expression.
While Fernando Távora (1923-2005) writes on the strength of becoming in his 1960
travel journal, Henri Bergson (1859-1941) refers to it as an integral part of cinematographic
perception. Both observations are part of an existential premise that places time as a
determining factor for reality's perception. And as far as spatial essence is concerned, this
premise perhaps should be perceived along with the idea of a (un)conscious path that places
the observer at the centre of an infinite number of points-of-view - which are part of the
three-dimensional vocabulary of human existence. Consequently, what would be the potential
capability of capturing that "path" with a film camera?
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