Summary: | A dissertação analisa o PRUCS, um grande projeto de renovação urbana do Cazenga
e Sambizanga, os mais densamente povoados municípios de Luanda. Iniciado em 2010, o
PRUCS previa a reestruturação radical de uma extensa área de assentamentos informais,
inserindo-se na ambiciosa estratégia pós-conflito de transformação de Luanda numa cidade
de classe mundial à semelhança do Dubai ou de Singapura. Assentando no pressuposto de
que o mercado imobiliário, que o aumento exponencial da renda petrolífera no período pós
conflito havia catalisado, poderia financiar a operação, com a queda do preço do petróleo em
finais de 2014, e o colapso daquele mercado, o projeto abandona os grandes planos de
renovação urbana, e assume uma postura mais adequada às realidades territoriais e
socioeconómicas de Luanda. Ao analisar a trajetória deste projeto argumento que modelos
de renovação urbana de grande escala não são reproduzíveis no contexto de uma grande
metrópole africana como Luanda. Apesar de tudo defendo que as estruturas técnico
burocráticas intermédias criadas para implementar estes planos podem, através da
experiência e conhecimento adquiridos, contribuir para o futuro desenho de politicas urbanas
mais justas e equilibradas. Começa-se por situar esta análise numa discussão em torno de
recente literatura académica sobre os urbanismos do Sul Global, em particular da África
Subsaariana, e traça-se um breve história das etapas de transformação urbana de Luanda,
nomeadamente os períodos coloniais, pós-independência e adesão ao mercado livre,
focando-se sobretudo os aspectos relacionados com a formação e expansão de
assentamentos informais. Dedica-se um capitulo às grandes transformações urbanas em
Luanda no período após o fim da guerra civil em 2002, que enquadram, os capítulos finais
onde se descrevem as duas fases do percurso do PRUCS. A primeira dedicada à
elaboração de grandes planos de renovação urbana e a segunda às operações de
realojamento de populações. === The dissertation analyzes PRUCS, a major urban renewal project in Cazenga and
Sambizanga, Luanda's most densely populated municipalities. Initiated in 2010, PRUCS
envisaged the radical restructuring of an extensive area of informal settlements, as part of the
ambitious post-conflict strategy of transforming Luanda into a world-class city similar to Dubai
or Singapore. Based on the assumption that the real estate market, catalyzed by the
exponential increase in oil incomes during the post-conflict period, could finance the
operation, with the fall in the price of oil in late 2014, and the collapse of that market, the
project abandons the large urban renewal plans, and takes a posture better suited to the
Luanda's territorial and socio-economic realities. By analyzing the PRUCS trajectory, I argue
that large-scale urban renewal models are not reproducible in the context of a large African
metropolis like Luanda. Nevertheless, I also make the argument that the intermediate
technical-bureaucratic structures created to implement these plans can, through the acquired
experience and knowledge, contribute to the future design of more just and adequate urban
policies. We begin by situating this analysis in a discussion around recent academic literature
on urbanism in the Global South, in particular in Sub-Saharan Africa. Subsequently we outline
a brief history of the stages of urban transformation in Luanda, namely the colonial, post
independence and adherence to the free market periods, focused on the formation and
expansion of informal settlements. Then, a chapter is devoted to the major urban
transformations in Luanda in the period after the end of the civil war in 2002, and the final
chapters describe the two phases of the PRUCS trajectory, the first dedicated to the
elaboration of major urban renewal plans and the second to the resettlement of populations.
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