Summary: | A indústria dos videojogos tem cerca de 50 anos, tendo atualmente um potencial de
crescimento maior do que outras indústrias criativas, ultrapassando a música e o cinema.
Apesar do desenvolvimento de jogos ser uma profissão relativamente recente, muitos dos
seus problemas estão associados a condições de trabalho precárias a que os trabalhadores se
sujeitam de modo a manter-se na indústria. Tal implica conseguir gerir e equilibrar as
exigências e recursos laborais, pois se predominarem as exigências laborais pode
desencadear-se o burnout como um fenómeno ocupacional.
Este estudo tem como objetivo identificar os níveis de burnout, exigências e recursos
laborais nos criadores de videojogos, identificar a associação entre estas variáveis e a sua
variação de acordo com características sociodemográficas e laborais.
Utilizando questionários online, em português ou em inglês, foram aplicados o
Oldenburg Burnout Inventory, Job Demand Scale e Job Resources Scale, a 193 criadores de
jogos (88 portugueses e 105 de outras nacionalidades), entre fevereiro de 2019 e junho de
2020.
Relativamente ao burnout, os resultados revelaram níveis moderados de exaustão e
desinvestimento, enquanto as exigências laborais evidenciaram níveis elevados de
exigências mentais e de concentração, níveis moderados de exigências de tempo,
emocionais, materiais, físicas. Os recursos laborais demonstraram níveis elevados de
autonomia e moderados de desenvolvimento pessoal, qualidade das relações pessoais, ética
e utilidade social do trabalho. A exaustão está correlacionada positivamente com o número
de horas de trabalho por semana e as exigências laborais, e negativamente correlacionada
com os recursos laborais. O mesmo ocorre com o desinvestimento, exceto relativamente às
exigências mentais e de concentração. Utilizando uma análise de regressão, as exigências de
tempo explicam 27% da exaustão e o desenvolvimento pessoal explica 14% da exaustão e
51% do desinvestimento.
Pode-se concluir que os criadores de jogos enfrentam condições de trabalho muito
exigentes, alertando para a necessidade de desenvolvimento de estratégias de prevenção do
burnout e de gestão de exigências laborais através dos recursos laborais, promovendo assim
locais de trabalho mais felizes e saudáveis.
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