O pai como figura de vinculação primária

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o reconhecimento da importância do papel paterno no desenvolvimento da criança, bem como dar palco às semelhanças nos padrões de interação das figuras parentais, nomeadamente o facto de ambos serem sensíveis às características e competências dos filhos...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Clara Manuel Portela Meira
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/129379
Description
Summary:Este trabalho tem como objetivo contribuir para o reconhecimento da importância do papel paterno no desenvolvimento da criança, bem como dar palco às semelhanças nos padrões de interação das figuras parentais, nomeadamente o facto de ambos serem sensíveis às características e competências dos filhos. Pretendemos suscitar e dar asas à modificação da importância que se dá ao homem enquanto cuidador. Sabemos, ainda, que cada etapa de desenvolvimento tem associadas diferentes tarefas desenvolvimentais e, assim, diferentes características e competências a desenvolver e às quais é necessário dar resposta. Este estudo centra-se na etapa da idade escolar. Tendo como quadro concetual de referência a Teoria da Vinculação de John Bowlby (1958), abordamos determinados padrões de comportamento e os laços íntimos e emocionais criados entre um indivíduo e os seus cuidadores primários, que incluem uma dimensão de proteção - o sistema de vinculação - e uma dimensão de exploração - o sistema de exploração. Assim, espera-se que as Figuras de Vinculação Primárias cumpram a função de Porto Seguro e/ou a função de Base Segura Para Exploração. No estudo empírico, com uma amostra de 175 crianças em idade escolar, procurámos explorar a representação social do papel do pai, relacionando-a com as funções supracitadas e com os objetivos dos sistemas de vinculação e de exploração na idade escolar. Os resultados da investigação foram discutidos à luz da Teoria da Vinculação, permitindo a compreensão da figura paterna como Figura de Vinculação Primária no âmbito da representação social das crianças que compõem a amostra. Refletimos, ainda, com base na Teoria da Vinculação, sobre a continuidade e manutenção dos sistemas de vinculação e exploração ao longo do ciclo vital do indivíduo. As conclusões alcançadas, para além de associarem a representação social do papel do pai ao papel de proteção e ao papel de suporte à exploração, mostram que este é tão competente e sensível como a figura materna, ocupando uma posição central no desenvolvimento da criança, uma vez que se encontra representado como Figura de Vinculação Primária. São, ainda, visíveis as transformações associadas a estes padrões de comportamentos, originadas pela maturação da criança e evolução das suas necessidades.