Summary: | A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum em
todo o mundo e é caracterizada por um leque diverso de sintomatologia motora e não motora
profundamente incapacitante.
A estimulação cerebral profunda (ECP) é uma terapêutica de comprovada eficácia
praticada na DP. Apesar de apresentar resultados bastante satisfatórios no que diz respeito à
sintomatologia motora, o seu efeito a nível cognitivo é ainda pouco compreendido com
alguns estudos a reportarem alterações cognitivas relevantes em diferentes domínios da
cognição, com particular incidência na fluência verbal.
O presente estudo pretende assim investigar e compreender, numa perspetiva
longitudinal, a evolução cognitiva de doentes submetidos a ECP na Unidade de Doenças do
Movimento e Cirurgia Funcional do CHUSJ e, ainda, verificar a existência de diferenças
nesta evolução entre doentes com ou sem alterações cognitivas pré-cirúrgicas.
Os resultados sugerem uma deterioração longitudinal significativa em provas
neuropsicológicas dependentes dos domínios da fluência verbal, cognição global,
capacidades visuoconstrutivas e funcionamento executivo (atenção, iniciação/perseveração,
memória de trabalho) particularmente proeminente 5 anos após a cirurgia. O declínio
cognitivo observado em relação à fluência verbal foi especialmente saliente, nomeadamente
no que diz respeito à fluência verbal fonémica que declinou de forma significativa logo após
18 meses. Verificou-se ainda que a evolução cognitiva destes doentes não foi influenciada
pelo perfil cognitivo inferido antes da cirurgia (normal vs defeito cognitivo ligeiro).
Deste modo, apesar de limitações evidentes, a presente investigação apresenta-se
como um importante contributo no avanço da compreensão das alterações cognitivas que
podem surgir após a ECP.
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