Summary: | As redes sociais online surgem, atualmente, como plataformas privilegiadas
pelos/as jovens, configurando-se como espaços digitais de sociabilidade e (novos)
meios de participação cívica e política. Contudo, a investigação é clara ao demonstrar
que a população juvenil apresenta lacunas a nível de competências e recursos para
usufruir plenamente das oportunidades online.
Com efeito, esta investigação tem como objetivo mapear diferentes usos de
redes sociais online por parte de jovens estudantes com distintos perfis e,
subsequentemente, compreender e explorar o modo como estas práticas online
influenciam e se relacionam com as suas atitudes e comportamentos cívicos e
políticos e os seus níveis de literacias digitais e mediáticas.
A componente empírica do estudo recorre a uma metodologia sequencial
mista, contemplando, na primeira parte quantitativa, a administração de inquéritos
por questionário a 392 jovens estudantes de uma escola pública da região litoral
norte de Portugal e, na subsequente parte qualitativa, a realização de quatro grupos
de discussão focalizada, envolvendo 22 dos/as jovens inquiridos/as.
Os principais resultados dão conta da forma como as redes sociais online são
plataformas multifuncionais, preponderantes nos quotidianos juvenis. Efetivamente,
para além de distintos perfis de utilização, é possível observar que se constituem,
cumulativamente, como uma plataforma de comunicação, entretenimento e de
participação cívica e política. Adicionalmente, esta investigação reforça a perspetiva
de como as redes sociais online reconfiguram o espetro das possibilidades de
engajamento juvenil. De facto, estas plataformas são um novo espaço de ação,
partilha e intervenção para a mudança social, capaz de mobilizar a população juvenil.
Não obstante, as redes sociais online parecem comportar riscos, nomeadamente na
tradução de certos comportamentos em slacktivism e serem espaços permeáveis a
movimentos antidemocráticos, com intolerância ao dissenso. Finalmente, este estudo
contribui para problematizar asserções sobre a plenitude das competências de
todos/as nativos/as digitais. Se é verdade que os dados sugerem que os/as jovens
apresentam perceções elevadas de competências digitais cognitivas e críticas,
também é verdade que os seus discursos notam que em alguns casos essas poderão
fazer parte de uma ilusão de que os/as jovens possuem o know-how necessário para
navegar plenamente na esfera online.
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