Summary: | Objetivo: Pacientes hospitalizados por mieloma múltiplo (MM) estão particularmente vulneráveis ao desenvolvimento de depressão. O presente estudo tem como objetivo determinar a frequência de depressão nos pacientes hospitalizados por MM, de modo a medir possíveis associações entre pacientes com e sem depressão em relação a variáveis sociodemográficas e clínicas assim como, medir o impacto que a depressão tem nos "outcomes" de hospitalização.
Métodos: Um estudo observacional retrospetivo foi realizado através de uma base de dados administrativa referente a todas as hospitalizações por MM entre 2000 e 2015 nos hospitais públicos continentais Portugueses. Códigos relacionados com doenças depressivas foram agrupados para gerar a variável dicotómica depressão (sim/não). Uma análise multivariada foi realizada e odd ratios ajustados (aOR) foram calculados para a associação entre as diferentes varáveis e depressão.
Resultados: De um total de 14,575 hospitalizações por MM estudadas, 666 (4.6%) apresentavam um código de depressão. Uma odd superior de depressão foi observada em pacientes do sexo feminino (aOR = 2.26; 95% = 1.91-2.66), pacientes transplantados (aOR = 1.78; 95% CI= 1.44‐2.20), pacientes com leucemia de plasmócitos (aOR = 1.79; 95% CI= 1.22‐2.64), pacientes com um maior índice de comirbilidade de Charlson (CCI) (aOR = 1.10; 95% CI= 1.05‐1.15). A duração de internamento (LoS) foi superior nos pacientes com um registo de depressão (aOR = 1.01; 95% CI= 1.01‐1.02) sendo que as odds de morrer durante a hospitalização foram inferiores nestes pacientes (aOR = 0.526; 95% CI=0.406-0.680).
Conclusão: Estes resultados poderão ajudar a identificar pacientes hospitalizados por MM em maior risco de apresentarem depressão (sexo feminino, idade mais jovem, maior CCI, leucemia de plasmócitos, transplante). Isto irá permitir uma avaliação psicológica e tratamento atempados de modo a prevenir piores outcomes e custos elevados para o sistema de saúde associados com a depressão. === Objective: Patients hospitalized with multiple myeloma (MM) are particularly vulnerable to depression. The present study aims to determine the frequency of depression among MM hospitalized patients, in order to assess the possible differences between those with and without depression in relation to sociodemographic and clinical variables and to measure the impact of depression on hospitalization outcomes.
Methods: An observational retrospective study was performed using an administrative data set of all hospitalizations with a primary diagnosis of MM between 2000 and 2015 in Portuguese mainland public hospitals. Codes related to depressive disorders were grouped to generate the dichotomous variable of depression (yes/no). A multivariate analysis was conducted and adjusted odd ratios (aOR) calculated between different variables and depression.
Results: Of a total of 14,575 MM hospitalizations studied, a concurrent code of depression was registered in 666 patients (4.6%). A greater odds of depression was observed in female patients (aOR= 2.26; 95%CI=1.91-2.66), transplanted patients (aOR= 1.78; 95%CI=1.44‐2.20), patients with plasma cell leukemia (aOR= 1.79; 95%CI=1.22‐2.64) and patients with a higher Charlson Comorbidity Index (CCI) (aOR= 1.10; 95%CI=1.05‐1.15). Length of stay was longer in patients with a registered diagnosis of depression (aOR= 1.01; 95%CI=1.01‐1.02) while the odds of in-hospital mortality were lower in these patients (aOR= 0.53; 95%CI=0.41-0.68).
Conclusions: These results may help identify MM inpatients at higher risk of presenting depression (female gender, younger age, high CCI, plasma cell leukemia, transplant procedure). This will enable timely psychological assessment and treatment in order to prevent worse outcomes and higher healthcare costs associated with depression.
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