Summary: | Introdução: Estima-se que 50% dos indivíduos infetados pelo VIH sofram de alguma Perturbação Neurocognitiva Associada ao VIH (HAND), existindo um número crescente de indivíduos infetados pelo VIH com mais de 50 anos. Contudo, há indivíduos que apesar da idade avançada e da infeção pelo VIH, nunca chegam a manifestar nenhum tipo de deterioração cognitiva. A teoria da reserva cognitiva parece explicar porquê que alguns indivíduos conseguem tolerar maior dano, antes de manifestar deterioração cognitiva. Esta monografia tem como principal objetivo responder à questão: qual o papel da reserva cognitiva na deterioração cognitiva associada à infeção pelo VIH?
Métodos: A aquisição da informação bibliográfica foi conduzida através de uma pesquisa na plataforma Scopus, partindo dos termos: cognitive reserve, cognitive dysfunction e HIV. Estudos obtidos nos últimos 10 anos foram analisados, cujo foco primário era a associação entre reserva cognitiva, deterioração cognitiva e infeção pelo VIH.
Resultados: A maioria dos estudos corrobora o efeito neuroprotetor de uma maior reserva cognitiva, mediando os efeitos negativos na cognição provocados pelo vírus do VIH ao longo de todas as fases da infeção. O envelhecimento acelerado/prematuro associado à infeção do VIH parece ser compensado, em indivíduos mais velhos e com maior reserva cognitiva, por maior ativação de áreas cerebrais adjacentes para a realização de uma determinada tarefa.
Discussão: A reserva cognitiva parece mediar os efeitos negativos da infeção pelo VIH na cognição, preservando a função cognitiva nos indivíduos com maior reserva, independentemente da fase da infeção e da idade.
Conclusão: A reserva cognitiva poderá potencialmente ser usada no contexto de reabilitação em doentes infetados pelo VIH, pelo seu valor prognóstico e enquanto alvo interventivo na deterioração cognitiva associada à infeção pelo VIH. === Introduction: Is is estimated that 50% of people living with HIV suffer from some sort of HIV-associated neurocognitive disorder (HAND), with a growing number of HIV-infected who are over the age of 50. Despite combined neurological risk of aging and HIV, some individuals fail to show notable impairment. The cognitive reserve theory appears to explain differential susceptibility of cognitive abilities to pathology or insult. This review aims to answer the following question: what is the role of cognitive reserve in HIV infection?
Methods: The acquisition of the bibliographic information was conducted through a research on the Scopus platform, starting from the following combination of terms: cognitive reserve, cognitive dysfunction and HIV. Studies obtained in the last 10 years were analysed, corresponding to investigations mainly focused on the relationship between cognitive reserve, cognitive dysfunction and HIV.
Results: Most studies corroborate the neuroprotective effect of having higher cognitive reserve, commanding the negative effects on cognition due to HIV, in all stages of the infection. Accelerated/premature aging associated with HIV infection also seems to be buffered, in older HIV-infected people with higher cognitive reserve, by hyperactivation of adjacent cerebral areas in charge of performing a task.
Discussion: Cognitive reserve seems to mediate the negative effects of HIV on cognition, preserving neuropsychological and real-life function in people with higher cognitive reserve, irrespective of their HIV disease stage and age.
Conclusion: Cognitive reserve may be an important concept in the context of rehabilitation as a prognostic construct and as a target of intervention in cognitive impairment associated with HIV infection.
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