Summary: | Contextualização: A incidência de infeção de local cirúrgico após craniotomia (SSI-CRAN) varia amplamente e está associada com graves consequências. O objetivo deste estudo é estimar a taxa de SSI-CRAN no serviço de neurocirurgia de um centro terciário e estabelecer os seus fatores de risco.
Métodos: Todos os doentes adultos consecutivos submetidos a craniotomia não emergente num centro terciário entre Janeiro 2019 a Outubro 2019 foram avaliados retrospetivamente. Dados demográficos, clínicos e cirúrgicos foram recolhidos. O outcome principal deste estudo foi o desenvolvimento de SSI-CRAN até 30 dias após cirurgia, usando as definições do European Centre for Disease Prevention and Control (eCDC). Foi realizada análise uni- e multivariada para estabelecer fatores de risco para SSI-CRAN.
Resultados: Dos 271 doentes incluídos, 15 (5.5%) desenvolveram SSI-CRAN até 30 dias após cirurgia, sendo que 11 /73.3%) foram infeções de órgão-espaço. Os microorganismos mais comumente envolvidos foram cocos gram-positivo, particularmente S. epidermidis (n=4, 66,7%). Na análise univariada, ausência de normotermia (60.0% vs. 15.8% no grupo com e sem SSI-CRAN, respetivamente; p < 0.001) e leak líquido céfalo-raquidiano (LCR) (40.0% vs. 2.4%; p < 0,001) estiveram associados de forma estatisticamente significativa com o desenvolvimento de SSI-CRAN. Na análise
multivariada, normotermia (OR = 0.200, IC 95% [0,058-0,687]; p = 0.011) foi o único fator protetor e leak LCR (OR = 12.152, IC 95% [2,684 - 55,010]; p = 0.001) foi o único fator de risco independente para o desenvolvimento de SSI-CRAN.
Conclusão: A incidência cumulativa de SSI-CRAN até 30 dias após cirurgia foi 5.5%. Leak LCR e a ausência de normotermia foram os únicos fatores de risco independentes para o desenvolvimento de SSI-CRAN. Os dados fornecidos neste estudo podem ser considerados no desenho de estratégias preventivas promovendo a redução da incidência de infeção de local cirúrgico. === Background: The incidence of surgical site infection after craniotomy (SSI-CRAN) varies widely and is associated with major consequences. The aim of this study is to estimate the SSI-CRAN rate at the neurosurgery department of a tertiary center and to establish its risk factors.
Methods: All consecutive adult patients who underwent nonemergent craniotomy at a tertiary center from January 2018 to October 2019 were retrospectively assessed. Demographic, clinical and surgical data were collected. The main outcome of our study was the development of SSI within 30 days post-surgery, as defined by the European Centre for Disease Prevention and Control (eCDC) guidelines. Univariate and multivariate analysis was performed to establish risk factors for SSI-CRAN.
Results: From the 271 patients enrolled in this study, 15 (5.5%) developed SSI-CRAN within 30 days post-surgery, 11 (73.3%) of which were organ-space. The most common causative microorganisms were gram-positive cocci, particularly S. epidermidis (n=4, 66.7%). In the univariate analysis, absence of normothermia (60.0% vs. 15.8% in the group with SSI-CRAN and in the group without SSI-CRAN, respectively; p < 0.001) and cerebrospinal (CSF) leakage (40.0% vs. 2.4%; p < 0,001) were associated with SSI-CRAN. In the multivariate analysis, normothermia (OR = 0.200, 95% CI [0,058-0,687]; p = 0.011) was the only protective factor and CSF leakage (OR = 12.152, 95% CI [2,684 - 55,010]; p= 0.001) was the only independent risk factors for SSI-CRAN.
Conclusion: The cumulative incidence of SSI-CRAN within 30 days post-surgery was 5.5%. CSF leakage and the absence of normothermia were the only independent risk factors for SSI-CRAN. The data provided in this study can be considered in the design of preventive strategies aimed to reduce the incidence of surgical site infection.
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