Espacialidade da sexualidade. Lugares de desejo dissidente. Apontamentos sobre a cidade do Porto

A presente dissertação pretende ser um ensaio crítico da relação entre arquitetura e sexualidade, dentro de um estudo sobre o controlo social, cultural e, consequentemente, das práticas que lhe resistem. É sobre o espaço como força condutora do desejo e, desse modo, como a arquitetura tem sido uma f...

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Bibliographic Details
Main Author: Júlio Miguel dos Santos Dinis
Other Authors: Faculdade de Arquitectura
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/128611
Description
Summary:A presente dissertação pretende ser um ensaio crítico da relação entre arquitetura e sexualidade, dentro de um estudo sobre o controlo social, cultural e, consequentemente, das práticas que lhe resistem. É sobre o espaço como força condutora do desejo e, desse modo, como a arquitetura tem sido uma ferramenta (ou mesmo uma consequência) que controla o comportamento e cria estereótipos de performances na nossa sociedade. A metodologia empregue baseia-se num estudo que se inicia na relação político-histórica do espaço/lugar com a sexualidade e como esta é construída de acordo com o poder, género e identidade. Argumenta-se como as biopolíticas associadas aos espaços trabalham em conjunto na gestão das relações humanas. Infere como o espaço é o desenho físico de lugares que são parte substancial da nossa construção e expressão erótica, - e, assim, um desenho - que responde a normativas prescritas que governam os corpos (e os seus desejos), ao mesmo tempo que alimenta subversões do uso. Numa segunda parte do trabalho desenvolve-se uma procura por espaços e lugares que possam ser representativos das práticas consideradas subversivas dentro da diversidade espacial que é a sociedade moderna, enquanto se trabalha simultaneamente numa análise e catalogação que visa perceber os múltiplos sistemas invisíveis de resistência.Na tentativa de materializar e fundamentar a análise teórica, da natureza e desenho dos espaços de desejo sexual dissidente, procura-se aproximar o trabalho à cidade do Porto. Partindo por identificar e analisar os diferentes espaços públicos (cruising, prostituição de rua), bem como espaços privados de uma economia erótica (saunas, sexclubs, darkrooms, cinemas porno, bares de strip, etc) e, deste modo, mapear uma possível sexografia contemporânea subjacente ao estudo. === This dissertation is a research on the relationship between architecture and sexuality, within a study of a social and cultural control, and consequently of the practices that resist it. It's about space as a driving force of desire and thus, how architecture has been a tool (or even a consequence) that controls behaviors, creating stereotypes of performances in our society.The methodology used is grounded on a study that begins in the political-historical relationship of space/place with sexuality and how it's built according to power, gender and identity. It argues how biopolitics associated with spaces work together in the management of human relations, demonstrating how architecture is the physical design of a place that is a substantial part of our erotic expression. Considering architecture as something that follows prefix norms and techniques that govern bodies (and their desires), consequently allowing for a respective subversion of use. The work devolps into a search for spaces and places that can be representative of certain practices considered subversive within the spatial diversity that is modern society, while simultaneously working on an analysis and cataloging that aims to understand the multiple invisible systems of resistance.In an attempt to materialize and ground the theoretical development over the nature and design of spaces of dissident sexual desire, the work is brought closer to the city of Porto in a parallel ethnographical exercise. Working on identifying and analyzing some public spaces (cruising, street prostitution), as well as private spaces of an erotic economy (saunas, sexclubs, darkrooms, pornographic cinemas, etc) and, in this way, mapping a possible sexography that underlies the results of the study.