O Domínio Público da Arquitetura. Os Smithson e Aldo Rossi

Arquitetura pública parece uma redundância. Num certo sentido, toda a arquitetura é pública porque se manifesta publicamente - tem uma presença pública - e é reconhecida e reconhecível por um público. Contudo, nos casos em que a expressão arquitetura pública está envolvida esta é vulgarmente associa...

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Bibliographic Details
Main Author: Marta Ribeiro Moreira
Other Authors: Faculdade de Arquitectura
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2021
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/127374
Description
Summary:Arquitetura pública parece uma redundância. Num certo sentido, toda a arquitetura é pública porque se manifesta publicamente - tem uma presença pública - e é reconhecida e reconhecível por um público. Contudo, nos casos em que a expressão arquitetura pública está envolvida esta é vulgarmente associada a apenas uma parte da arquitetura, normalmente à obra pública, aos edifícios de programa público ou às intervenções em espaço público. Assim, e porque a expressão arquitetura pública - associada a obra pública - parece estar já constrangida por promessas falhadas e realizações desmedidas (ainda que não percamos a esperança nela), tomemos domínio público como expressão aparentemente inócua e ainda livre de contaminações. Mais abrangente do que a ideia de obra pública, o domínio público pode integrar aquelas arquiteturas que são privadas mas que parecem ser mais públicas do que muitos edifícios públicos, como igrejas, escolas privadas ou algumas instituições culturais. Entre a hipótese de fixar a pesquisa em autores e obras em específico ou, por outro lado e se considerada a quantidade de material disponível, procurar abranger o máximo de contributos distintos, opta-se por centrar a discussão em três figuras que todavia se considera pertinentes para uma incursão deste tipo. Na base do trabalho dos Smithson e da fase mais racional de Rossi estava a possibilidade de dar precedência à arquitetura como ferramenta de manipulação da realidade. Libertando-a das narrativas corrompidas, seria dando forma a novas aspirações que se daria o progresso. Para os Smithson, como para Aldo Rossi, a forma é gerada, em parte, como resposta a formas que já existem e, em parte, como agente que modifica o contexto de intervenção. Assim, a importância não é só que os Smithson e Aldo Rossi tenham sido capazes de reconhecer o domínio público como tema de projeto, mas, acima de tudo, o facto de que esse reconhecimento surge como parte da estratégia do projeto para responder a um determinado problema num determinado contexto. Cabe esclarecer, portanto, que a escolha dos Smithson e Rossi resulta da combinação entre o reconhecimento do alinhamento da sua obra teórica com a sua prática profissional - pelo menos em alguns momentos decisivos - e a pertinência dos projetos que são especificamente convocados. === Public architecture seems redundant. In a way, all architecture is public given that it manifests itself publicly - it has a public presence - and it is seen and recognized by a public, an audience. However, when the term public architecture is involved, it is commonly associated with only some architectures, usually public works, public program buildings or interventions in public space. Thus, and because the expression public architecture - associated with public works - seems nowadays constrained by failed promises and unreasonable ventures (even though one does not lose hope in its meaning), let us take public domain as an expression which is apparently innocuous and still free from contamination. Broader than the concept of public work, the public domain can include architectures which are private but appear to be more public than many public buildings, such as churches, private schools or some cultural institutions. Given the option of limiting the research to a few specific authors and works or, on the other hand and considering the amount of research material available, trying to include as many different contributions as possible, one chooses to focus the discussion on three characters that seem relevant for such an investigation. On the basis of the work by Alison and Peter Smithson and on the work from Rossi's most rational phase was the belief in the possibility of architecture taking precedence as a tool for manipulating reality. By freeing architecture from corrupted narratives and shaping new aspirations, progress would come. According to Alison and Peter Smithson, as well as Aldo Rossi, form is generated partly as a response to forms that already exist and partly as an agent that changes its context. Therefore, it is not only important that they recognized the public domain as a theme in the project, but, above all, the fact that this recognition arises as part of the project's strategy to respond to a given problem in a given context. It should be clarified, then, that the choice of Alison and Peter Smithson and Aldo Rossi is not only because of the known proximity between their respective theory and practice - at least in some defining moments - but also because of the relevance of the projects that are called upon.