Summary: | Esta dissertação surge como uma oportunidade de aproximação a algo que se possa reconhecer como uma condição de atuação política em arquitetura. Aqui, dá-se notícia do informar, do detalhar, do construir de um projeto de arquitetura próprio que nasce da vontade de descobrir a sua pertinência pública. No entanto, perante uma disciplina que se encontra capturada na sua condição enquanto profissão liberal, esse exercício só parece possível através de um projeto de resistência.O trabalho divide-se em dois momentos distintos: num primeiro procura-se detalhar o estado atual da disciplina e da realidade onde atua, para que num segundo momento se possa estudar a possibilidade de um projeto de resistência em arquitetura enquanto tentativa de estabelecer uma alternativa.No primeiro momento - por uma cartografia do presente - identificam-se as principais tendências de uma arquitetura contemporânea que apontam para um movimento de incorporação das premissas do modelo social, económico e político neoliberal na disciplina. Modelo este que parece estar implicado naquilo que se pode considerar a tragédia generalizada de todas as esferas particulares que compõem o comum.No segundo momento - para um projeto de resistência em arquitetura - procura-se detalhar a pertinência e a possibilidade de realizar esse projeto de resistência, através do conceito de dispositivo e de profanação de Giorgio Agamben. Através do dispositivo procura-se reconhecer que na arquitetura não está só em causa a produção de forma, mas sim a reprodução de estruturas de poder. Através da profanação procura-se lançar a hipótese de uma definição de projeto que não é apenas subjugação ou dominação, mas que dá espaço e reconhece uma possibilidade de emancipação aos seus sujeitos: tanto do arquiteto em relação às estruturas de produção de arquitetura; como dos utilizadores em relação aos espaços que habitam, através do uso. Por fim, procura-se detalhar e confrontar seis projetos de arquitetura que ajudam a problematizar este projeto de resistência em construção. Estes projetos, na medida em que procuram a organização dos meios disponíveis para alcançar fins disruptivos, podem ser considerados verdadeiras estratégias de profanação. Da participação ao ascetismo, passando pelo atrito, inacabamento e fracasso, partiu-se das estratégias onde essa intenção emancipatória é mais evidente, até aquelas em que é menos clara, mas também por isso mais interessante. === This thesis comes up as an opportunity of outlining something that could be described as a condition for political action in architecture. Here, the construction, the detailing and consolidation of a personal architectural project that is born from the will to discover its public relevance is reported. However, in the face of a discipline that is captured in its condition as a liberal profession, this exercise only seems possible through a project of resistance.The work is divided into two distinct parts: the first one seeks to detail the current state of the discipline and the reality in which it operates, so that in the second one the possibility of a project of resistance in architecture can be studied as an attempt to establish an alternative.In the first part - for a cartography of the present - we identify the main trends of contemporary architecture that point to an incorporation of the premises of a neoliberal social, economic and political model into the discipline. This model seems to be implicated in what could be considered the generalized tragedy of all particular spheres that make up the commons.In the second part - towards a project of resistance in architecture - we seek to detail the relevance and the possibility of carrying out this project of resistance through the concepts of apparatus and profanation in Giorgio Agamben. Through the apparatus it is sought to recognize that architecture is not only about the production of form, but also about the reproduction of power structures. Through profanation, it is sought to put out the hypothesis of an idea of project that is not only subjugation or domination, but that gives space and recognizes a possibility of emancipation to its subjects: both of the architect in relation to the structures of architectural production; and of the users in relation to the spaces they inhabit, through use. Finally, it seeks to detail and confront six architectural projects that help to problematize this project of resistance. These projects, to the extent that they seek to organize the available means to achieve disruptive ends, can be considered real profanatory strategies. From participation to asceticism, passing through friction, incompleteness and failure, we started from strategies where this emancipatory intention is more evident, to those where it is less clear, but also more interesting.
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