Preditores de saúde mental em adolescentes com diferentes estatutos migratórios: discriminação, coping e relações familiares

A influência da imigração sobre indicadores de ajustamento tem uma grande tradiçãona literatura e ganha relevância social no contexto internacional e nacional, à medida que associedades se tornam mais diversas do ponto de vista cultural. No presente estudo, procurou-seavaliar se adolescentes não-mig...

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Bibliographic Details
Main Author: Carla Sofia Ramos Gonçalves
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2019
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/121029
Description
Summary:A influência da imigração sobre indicadores de ajustamento tem uma grande tradiçãona literatura e ganha relevância social no contexto internacional e nacional, à medida que associedades se tornam mais diversas do ponto de vista cultural. No presente estudo, procurou-seavaliar se adolescentes não-migrantes, migrantes de primeira e segunda geração apresentamdiferenças na saúde mental, na perceção de discriminação - tratamento injusto e rejeição pessoal-, nas estratégias de coping - ativo, reinterpretação positiva, desinvestimento comportamental eautoculpabilização - e na qualidade das relações familiares com o pai e com a mãe - perceçãode admiração e conflito. Foram ainda exploradas, para os três grupos em estudo, quais asvariáveis preditoras da saúde mental. A amostra era composta por 458 participantes jovens,com idades compreendidas entre os 14 e os 21 anos (M=16.8; DP=1.31), sendo 53.4% dogénero feminino. Destes/as participantes, 132 são migrantes de primeira geração, 136 sãomigrantes de segunda geração e 190 são não-migrantes. Não foram observadas diferençassignificativas na saúde mental ou nas estratégias de coping utilizadas, em função do estatutomigratório. Observou-se, contudo, que os/as jovens migrantes de primeira geração sentiam-semenos valorizados/as (menor admiração) pela mãe e o pai e, conjuntamente com os/as desegunda geração, percecionaram mais rejeição pessoal. Aliás, a perceção de rejeição pessoalpredisse negativamente a saúde mental apenas dos/as migrantes de primeira geração. O copingde autoculpabilização foi um preditor de pior saúde mental transversal a todos os grupos. Ogénero masculino predisse maiores níveis de saúde mental nos/as adolescentes não-migrantese migrantes de segunda geração. Os resultados da presente investigação parecem corroboraralguns resultados anteriores que demonstram que a discriminação é percebida, com maisfrequência, por parte de pessoas que pertencem a um grupo minoritário. O facto de apenas seobservar diferenças na variável de discriminação mais subtil, poderá indicar a resposta dasociedade a políticas e maior adesão social a normas anti-preconceito. Adicionalmente, osresultados das regressões demostraram que os mecanismos que afetam a saúde mental dos/asadolescentes variam em função do estatuto migratório. Sublinha-se, desta forma, a importânciade criar e implementar intervenções de promoção da saúde mental que sejam sensíveisculturalmente e que ponderem as particularidades relacionadas com o estatuto migratório decada indivíduo.