Processo de Bolonha, autonomia na aprendizagem e carga de trabalho: um estudo com estudantes de engenharia

A aprendizagem ao longo da vida, enfatizada pelo Processo de Bolonha, evidencia a importância da autonomia do aprendente para uma aprendizagem efetiva, e para a formação de profissionais ativos. A implementação deste processo apontou para um paradigma centrado no estudante, operacionalizado por um s...

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Bibliographic Details
Main Author: Marina Isabel Felizardo Correia Duarte
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2020
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/119653
Description
Summary:A aprendizagem ao longo da vida, enfatizada pelo Processo de Bolonha, evidencia a importância da autonomia do aprendente para uma aprendizagem efetiva, e para a formação de profissionais ativos. A implementação deste processo apontou para um paradigma centrado no estudante, operacionalizado por um sistema de créditos que contabiliza o tempo total dedicado à aprendizagem. A investigação de que este trabalho dá conta analisou as relações entre a autonomia na aprendizagem de estudantes do 1º ciclo de engenharia, a carga de trabalho e o desempenho académico, e identificou sentidos e finalidades que esses estudantes atribuem à autonomia, e o contributo das atividades curriculares para o trabalho autónomo. Adotou-se uma metodologia mista, com um plano explicativo sequencial, recorrendo a questionários e a entrevistas para a recolha de dados. Concluiu-se que os participantes percecionam níveis moderados de autonomia na aprendizagem, com predominância do controlo, em detrimento da iniciativa. A autonomia na aprendizagem afeta positivamente o desempenho, tendo um efeito preditor na classificação média das unidades curriculares concluídas com sucesso, e é influenciada pela progressão no plano de estudos do curso, embora de forma lenta e não linear. A carga de trabalho e suas componentes presencial e autónoma, na base semestral, são sempre inferiores às previstas, diminuindo com a progressão dos estudantes no curso. Considerando o tempo médio para a conclusão do curso, a carga de trabalho total aproxima-se da prevista, com a componente presencial ligeiramente acima, e a componente autónoma claramente abaixo, não havendo correlação entre ambas. Não há evidências que aumentar a carga de trabalho melhore o desempenho académico. Há algumas correlações fracas entre a carga de trabalho e a autonomia na aprendizagem. Os estudantes reconhecem os professores, o currículo e a instituição como agentes da promoção da autonomia, havendo algum alinhamento com o preconizado pelo Processo de Bolonha. Contudo, a esfera de ação do ensino termina nas horas de contacto, ficando o trabalho autónomo completamente sob a responsabilidade dos estudantes. Como nem todos os estudantes têm níveis de autorregulação compatíveis com esta responsabilização, a ausência de algum acompanhamento tem efeitos negativos na carga de trabalho, na aprendizagem e no desempenho académico. Estes efeitos evidenciam a implementação ainda por concluir do Processo de Bolonha e a urgência da concretização da mudança de paradigma educativo que dá suporte às atividades curriculares e à aprendizagem.