Paisagem: Revisão de conceitos e práticas. O desafio dos territórios difusos
Esta dissertação tem como tema central a «paisagem», nomeadamente o seu papel na construçãode outros mapas e outras representações da realidade capazes de accionar novas formasde olhar e projectar o território contemporâneo. A pertinência deste tema é justificada nãosó pela necessidade de clarificar...
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2019
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Artes Arts Humanidades::Artes Humanities::Arts Ana Luisa Santos Madureira Paisagem: Revisão de conceitos e práticas. O desafio dos territórios difusos |
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Esta dissertação tem como tema central a «paisagem», nomeadamente o seu papel na construçãode outros mapas e outras representações da realidade capazes de accionar novas formasde olhar e projectar o território contemporâneo. A pertinência deste tema é justificada nãosó pela necessidade de clarificar a complexidade do actual processo/forma de urbanizaçãoextensiva, nas suas diversas escalas e componentes, mas, acima de tudo, de reconhecê-lo comoresultado do modo como a actual sociedade se territorializa; modo, esse, já não apenas emergentemas absolutamente instalado na paisagem que analisamos e que remete invariavelmentepara uma nova forma de construir território.Desde a ideia de «Jardim do Éden» até à contemplação de um «lugar-comum», a paisagem constituiusempre uma base firme para a compreensão do mundo que nos rodeia, acompanhandoem todas as civilizações as mudanças que o território e a sociedade que a produz vão sofrendo.Até há bem pouco tempo, dizia-se que a Geografia era a ciência que estudava as paisagens; edas paisagens dizia-se que eram uma espécie de síntese e epifenómeno resultante de uma relaçãode tempo longo entre as condições naturais (um conjunto de determinantes biofísicas) e aacção do Homem organizado em sociedades portadoras de uma cultura, de uma historicidadee de uma evolução tecnológica.Hoje, porém, o ressurgimento do interesse pelo tema da «paisagem» tem contemplado nãosó novos olhares e aproximações, como também a emergência de novas polémicas e inquietações.Seja pela importância crescente dos valores ambientais e patrimoniais, seja pelo factoda acelerada expansão do fenómeno de urbanização à escala macro territorial ter vindo aentrecruzar áreas de estudo anteriormente afectas a diferentes disciplinas, o facto é que, hoje,a paisagem é colocada em novos termos teórico-práticos, conjugando ou opondo discursos erepresentações de origem diversa. Desde os vários campos do conhecimento científico, passandopelo campo das Artes e da Estética, ou ainda pelo campo social, mediático e político,reflecte-se hoje sobre o interesse da sua análise nos mais variados domínios; chama-se a atençãopara o seu valor estético e cultural, para a sua dinâmica e fragilidade; e sobretudo, agora,procura-se determinar de que modo esta pode desencadear formas de requalificar o quadro devida quotidiano e reconstruir uma qualquer identidade local.De facto, por ser um elemento que contempla e que é resultado de um processo longo demodelação humana das condições naturais, a paisagem tornou-se numa espécie de divisorcomum para onde confluem sínteses de conhecimento de origem diversa; e por isso, também, elemento imprescindível para os que por dever, ou necessidade, buscam novas formas deentender e decifrar a realidade, e, com elas, suscitar clarificações e, sobretudo, respostas aosnovos desafios colocados pelos actuais processos/padrões de colonização do território contemporâneo.Com efeito, no campo do estudo e planeamento do território, a aceleração súbita datransformação da sociedade e dos processos de ocupação do território, das últimas décadas, apar do entrecruzamento disciplinar que analisa este fenómeno, têm vindo a provocar a inflexãodas tradicionais lentes de leitura territorial para a consideração da preponderância dosmodos e das geografias das relações sócio-espaciais associadas às novas lógicas da urbanizaçãoextensiva. Isto porque, tal como demonstra a imagem de capa da presente Tese (gentilmentecedida pelo Professor Álvaro Domingues), já de nada serve aprofundar os conteúdos das taxionomiasterritoriais habituais sobre a «cidade» e sobre o «campo», uma vez que a realidadeultrapassou as palavras/conceitos que a designavam e segundo os quais era equacionada.A visão sistémica e relacional que se funda e se reflecte nesta renovada dimensão de abordagemao território é, assim, inteiramente imposta pela actual necessidade de se vislumbraremnovas formas de olhar e de actuar mais adaptadas ao modo como hoje a sociedade se territorializa,e, ao mesmo tempo, capazes de superar a proverbial inoperância dos conceitos einstrumentos de planeamento de senso estrito e delinear novas formas de equacionar e planearo território contemporâneo. De facto, a paisagem, tal como a depreendemos, faz sentidoapenas quando relacionada com os processos de construção social do território e, portanto,com aqueles factores que condicionam tal construção. Daí que problematizar e compreenderas realidades mais recentes e contrastantes do actual fenómeno de urbanização extensiva pelavertente da paisagem que estas determinam (na verdade, a que mais nos interessa enquantomatéria menos consensualmente estudada), envolve a identificação das suas componentesestruturais e a decomposição dos temas e das escalas determinantes nessa construção.Como tal, centrando-nos, em particular, nas formas possíveis e desejáveis de «regenerar» osmodos de pensar e agir no espaço «novo» da urbanização - «novo» na medida em que a suaconformação compósita, combinado várias géneses e elementos de um e outro rural e urbano,não obedece às taxionomias habituais que faziam da sociedade e do território «coisas» manejáveise mais ou menos previsíveis e estáveis - é a paisagem da urbanização dita difusa queaqui se equaciona duplamente. Por um lado, enquanto realidade vulgarmente designada peladispersão das formas que a concretizam e que a representam na banalidade da sua fragmentação- termo que a capta em características genéricas, mas que em termos operativos ignoraa sua diversidade e complexidade enquanto registo da sociedade que muda. Por outro lado,enquanto ponto de partida e fio condutor de uma abordagem em tudo diferente da geografiaconvencional que representa o sistema territorial como um conjunto de pontos (cidades), sobreo pano de fundo do espaço agrícola/rural ou natural e por isso, também, extremamentepertinente do ponto de vista das escalas e dos temas adequados para o diagnóstico e para asestratégias de planeamento dos actuais processos de construção do território contemporâneo. Matéria resultante de um processo longo de construção e acumulação que o tempo permitiu(já que mais do que substituir, foi conciliando), a actual paisagem/urbanização apreende-seaqui, quer pela análise da sua evolução e manifestação física, funcional e ambiental, querdos factos sociais, culturais e económicos que a territorializam e a tornam específica de umadeterminada sociedade e contexto. Percebê-la a partir da sociedade e do contexto que a produzé, assim, o primeiro exercício, mas o seu significado não se mede senão no exercício complementarque observa esta mesma paisagem de outras perspectivas e a situa em relaçõesmais abrangentes com os actuais processos/padrões de colonização do território e respectivaslógicas de regulação, por um lado; e mais específicas, por outro, quando confrontada comsituações concretas, tais como a da mancha urbanizada de Braga (município), prolongando-sepelo Cávado quase até Barcelos, Vila Verde e Amares.Mais do que um exercício de demonstração/prova do que é hoje a simultaneidade dos acontecimentosa que o território está sujeito e as tensões e polémicas que se geram em torno destapaisagem, a aproximação à realidade da amostra territorial acima referida e à sua geografiacomplexa, propõe-se assim ensaiar novas formas de olhar e dar ver os padrões de territorializaçãoque se constroem para lá dos representados nos fundamentos e nas norma disciplinares,estéticos, morais, etc., com que tendencialmente olhamos e avaliamos a realidade. Pois, naverdade, enquanto não se conseguir ultrapassar as tradicionais lentes de leitura e de análiseterritorial, nomeadamente nas habituais taxionomias sobre a cidade e sobre o campo, tudo setransforma num processo de «degeneração» de ambas as coisas. Daí a procura de outros modosde ver e pensar a realidade capazes de se alargarem a outras referências e significações queconsigam fugir aos estereótipos mais comuns e que, de certa forma, permitam perceber o queé que transporta e para que serve o discurso e a representação sobre esta paisagem, por umlado; e, por outro, a busca de renovadas formas de acção capazes de dar resposta aos desafioscolocados por essa mesma paisagem/urbanização, através da introdução de renovas formasde aproximação capazes de a dar a ver e de nela agir segundo outros modelos de referências,valoração e produção de sentido. === This dissertation is focused on the landscape, particularly its role in the construction ofother maps and other representations of reality capable of triggering new ways of lookingand projecting the contemporary territory. The relevance of this topic is justified not onlyby the need to clarify the complexity of the current process/form of extensive urbanizationin its various scales and components, but, above all, to recognize it as a result of how thecurrent society is territorialized. This invariably leads to a new way of understanding andbuild territory, no longer just emerging but absolutely installed in the landscape.Since the idea of 'Garden of Eden' to the contemplation of a 'commonplace', the landscapehas always been a firm basis for understanding the world around us, in all civilizationsfollowing the changes that the territory and society that produces it will suffer. Until veryrecently, it was said that geography was the science studying the landscapes. And the landscapeswere said to be a kind of synthesis and epiphenomenon resulting from a long-timerelationship between the natural conditions (a set of biophysical determinants) and humanaction organized in societies bearers of a culture, a historicity and a technological evolution.Today, however, the resurgence of interest in the subject of Landscape has uncovered notonly new ways of looking or approaches, but the emergence of new concerns as well. Bethe growing importance of environmental and heritage values, either because of the factthat the rapid expansion of urbanization phenomenon at the territorial macro scale hasbeen interlacing areas previously assigned to different disciplines, the fact is that, today,the landscape is placed on new theoretical and practical terms, combining or opposingmultiple records and representations of diverse origin. In the various fields of scientificknowledge, through the field of Arts and Aesthetics, or by the social, political and mediafields, the interest in the study of landscape is nowadays considered as a starting point andguideline in various domains; its aesthetic and cultural values, its dynamic and fragility arehighlighted; attention is drawn to the need to protect the natural and cultural values; and,especially now, one tries to determine how the Landscape can trigger ways to requalify theframework of everyday life and rebuild any local identity.In fact, being an element that contemplates and that is the result of a long process of humanmodeling of natural conditions, the Landscape has become a kind of common denominatorto where syntheses of knowledge converge from different sources, and therefore, also,and essential element for those who, by duty or necessity, seek for new ways of understanding and deciphering the reality, and, with them, raise clarifications and especially answersto new problems and challenges posed by the current processes of occupation and constructionof contemporary territory. Indeed, in the field of study and territory planning, thesudden acceleration, in the past decades, of society's transformation and the processes ofterritory occupation, hand in hand with the intertwining of disciplines that analyze thisphenomenon, have been causing the inflection of traditional territorial reading lenses forconsidering the dominance of the modes and geographies of relations and socio-spatial logicsassociated with new logics of massive urbanization.The systemic and relational vision that is founded and reflects in this renewed approachdimension of the territory is entirely imposed by the current need to glimpse new ways oflooking and acting adapted to current processes of land occupation and, at the same time,able to overcome the proverbial inefficiency of planning concepts and tools in strict senseand outline new ways of thinking and planning better suited to new logics of urbanization.In fact, the notion of 'landscape', as usually inferred, makes sense only when related to theprocesses of social construction of the territory and, therefore, with those elements and/orfactors that influence or lead such a construction. Hence, to understand and regulate thelatest and contrasting realities of the current urbanization phenomenon, through theirlandscape component (in fact, the most interesting here as the consensually least studiedtopic), involves the identification of its structural components and the decomposition ofthe scaffolds and spacing that are intrinsically determinants in this social construction.As such, and focusing in particular on the possible and desirable ways to regenerate thenew ground for urbanization - new in the sense that conformation does not represent northe compact and limited city, nor the ground mainly unbuilt and governed by the rulesof agriculture or the said nature - what is doubly considered here is the landscape of thedesignated diffused urbanization. On the one hand, while reality commonly known by the'dispersion' of forms of occupation that produce it and represent it in their fragmentation(a term that captures it in general characteristics, but in operational terms ignores its diversityand complexity). On the other hand, as a starting point and thread of an approachsignificantly distinct from conventional geography which represents the territorial systemas a set of points or centers (cities), on the backdrop of agricultural/rural or natural ground,and so, too, extremely relevant from the point of view of the scales and the most suitablecontents for diagnosis and for planning strategies and management of current processes ofoccupation and construction of contemporary territory.The current landscape/urbanization, as a matter arising from a long process of constructionand accumulation allowed by time (since, rather than replacing, it has been reconciling), ishere seized up, either by the analysis of its evolution and physical, functional and environmentalmanifestation, either by the social, cultural and economic factors that territorializeit and make it specific to a given society and context; and that because it is always the resultof the society that produces it and, in this respect, the late twentieth century and earlytwenty-first century are indeed endless disruptions and introduction of new paradigms. As such, perceive it from the society and the context that produces it is the first exercise, butits meaning is not perceived without the supplementary exercise of observing this landscapefrom other perspectives and placing it in broader relationships with existing processesof occupation of the territory and its regulation, on the one hand; and more specific,on the other hand, when confronted with concrete situations, such as the urbanized spot ofBraga (district), extending though the Cávado almost until Barcelos, Vila Verde and Amares.Hence the bet on a scaffold of and to the landscape/urbanization, capable of respondingand of introducing significant changes as processes and requirements of land occupationchange and therefore also capable of maintaining their role as active support after successivetransformations. This, through a positive guidance and regulation of such construction,mainly based on conceptualization and requalification of such support structuresopen to the uncertainty of the programs and of things built, but necessarily accurate inwhat concerns what they connect and separate. |
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A pertinência deste tema é justificada nãosó pela necessidade de clarificar a complexidade do actual processo/forma de urbanizaçãoextensiva, nas suas diversas escalas e componentes, mas, acima de tudo, de reconhecê-lo comoresultado do modo como a actual sociedade se territorializa; modo, esse, já não apenas emergentemas absolutamente instalado na paisagem que analisamos e que remete invariavelmentepara uma nova forma de construir território.Desde a ideia de «Jardim do Éden» até à contemplação de um «lugar-comum», a paisagem constituiusempre uma base firme para a compreensão do mundo que nos rodeia, acompanhandoem todas as civilizações as mudanças que o território e a sociedade que a produz vão sofrendo.Até há bem pouco tempo, dizia-se que a Geografia era a ciência que estudava as paisagens; edas paisagens dizia-se que eram uma espécie de síntese e epifenómeno resultante de uma relaçãode tempo longo entre as condições naturais (um conjunto de determinantes biofísicas) e aacção do Homem organizado em sociedades portadoras de uma cultura, de uma historicidadee de uma evolução tecnológica.Hoje, porém, o ressurgimento do interesse pelo tema da «paisagem» tem contemplado nãosó novos olhares e aproximações, como também a emergência de novas polémicas e inquietações.Seja pela importância crescente dos valores ambientais e patrimoniais, seja pelo factoda acelerada expansão do fenómeno de urbanização à escala macro territorial ter vindo aentrecruzar áreas de estudo anteriormente afectas a diferentes disciplinas, o facto é que, hoje,a paisagem é colocada em novos termos teórico-práticos, conjugando ou opondo discursos erepresentações de origem diversa. Desde os vários campos do conhecimento científico, passandopelo campo das Artes e da Estética, ou ainda pelo campo social, mediático e político,reflecte-se hoje sobre o interesse da sua análise nos mais variados domínios; chama-se a atençãopara o seu valor estético e cultural, para a sua dinâmica e fragilidade; e sobretudo, agora,procura-se determinar de que modo esta pode desencadear formas de requalificar o quadro devida quotidiano e reconstruir uma qualquer identidade local.De facto, por ser um elemento que contempla e que é resultado de um processo longo demodelação humana das condições naturais, a paisagem tornou-se numa espécie de divisorcomum para onde confluem sínteses de conhecimento de origem diversa; e por isso, também, elemento imprescindível para os que por dever, ou necessidade, buscam novas formas deentender e decifrar a realidade, e, com elas, suscitar clarificações e, sobretudo, respostas aosnovos desafios colocados pelos actuais processos/padrões de colonização do território contemporâneo.Com efeito, no campo do estudo e planeamento do território, a aceleração súbita datransformação da sociedade e dos processos de ocupação do território, das últimas décadas, apar do entrecruzamento disciplinar que analisa este fenómeno, têm vindo a provocar a inflexãodas tradicionais lentes de leitura territorial para a consideração da preponderância dosmodos e das geografias das relações sócio-espaciais associadas às novas lógicas da urbanizaçãoextensiva. Isto porque, tal como demonstra a imagem de capa da presente Tese (gentilmentecedida pelo Professor Álvaro Domingues), já de nada serve aprofundar os conteúdos das taxionomiasterritoriais habituais sobre a «cidade» e sobre o «campo», uma vez que a realidadeultrapassou as palavras/conceitos que a designavam e segundo os quais era equacionada.A visão sistémica e relacional que se funda e se reflecte nesta renovada dimensão de abordagemao território é, assim, inteiramente imposta pela actual necessidade de se vislumbraremnovas formas de olhar e de actuar mais adaptadas ao modo como hoje a sociedade se territorializa,e, ao mesmo tempo, capazes de superar a proverbial inoperância dos conceitos einstrumentos de planeamento de senso estrito e delinear novas formas de equacionar e planearo território contemporâneo. De facto, a paisagem, tal como a depreendemos, faz sentidoapenas quando relacionada com os processos de construção social do território e, portanto,com aqueles factores que condicionam tal construção. Daí que problematizar e compreenderas realidades mais recentes e contrastantes do actual fenómeno de urbanização extensiva pelavertente da paisagem que estas determinam (na verdade, a que mais nos interessa enquantomatéria menos consensualmente estudada), envolve a identificação das suas componentesestruturais e a decomposição dos temas e das escalas determinantes nessa construção.Como tal, centrando-nos, em particular, nas formas possíveis e desejáveis de «regenerar» osmodos de pensar e agir no espaço «novo» da urbanização - «novo» na medida em que a suaconformação compósita, combinado várias géneses e elementos de um e outro rural e urbano,não obedece às taxionomias habituais que faziam da sociedade e do território «coisas» manejáveise mais ou menos previsíveis e estáveis - é a paisagem da urbanização dita difusa queaqui se equaciona duplamente. Por um lado, enquanto realidade vulgarmente designada peladispersão das formas que a concretizam e que a representam na banalidade da sua fragmentação- termo que a capta em características genéricas, mas que em termos operativos ignoraa sua diversidade e complexidade enquanto registo da sociedade que muda. Por outro lado,enquanto ponto de partida e fio condutor de uma abordagem em tudo diferente da geografiaconvencional que representa o sistema territorial como um conjunto de pontos (cidades), sobreo pano de fundo do espaço agrícola/rural ou natural e por isso, também, extremamentepertinente do ponto de vista das escalas e dos temas adequados para o diagnóstico e para asestratégias de planeamento dos actuais processos de construção do território contemporâneo. Matéria resultante de um processo longo de construção e acumulação que o tempo permitiu(já que mais do que substituir, foi conciliando), a actual paisagem/urbanização apreende-seaqui, quer pela análise da sua evolução e manifestação física, funcional e ambiental, querdos factos sociais, culturais e económicos que a territorializam e a tornam específica de umadeterminada sociedade e contexto. Percebê-la a partir da sociedade e do contexto que a produzé, assim, o primeiro exercício, mas o seu significado não se mede senão no exercício complementarque observa esta mesma paisagem de outras perspectivas e a situa em relaçõesmais abrangentes com os actuais processos/padrões de colonização do território e respectivaslógicas de regulação, por um lado; e mais específicas, por outro, quando confrontada comsituações concretas, tais como a da mancha urbanizada de Braga (município), prolongando-sepelo Cávado quase até Barcelos, Vila Verde e Amares.Mais do que um exercício de demonstração/prova do que é hoje a simultaneidade dos acontecimentosa que o território está sujeito e as tensões e polémicas que se geram em torno destapaisagem, a aproximação à realidade da amostra territorial acima referida e à sua geografiacomplexa, propõe-se assim ensaiar novas formas de olhar e dar ver os padrões de territorializaçãoque se constroem para lá dos representados nos fundamentos e nas norma disciplinares,estéticos, morais, etc., com que tendencialmente olhamos e avaliamos a realidade. Pois, naverdade, enquanto não se conseguir ultrapassar as tradicionais lentes de leitura e de análiseterritorial, nomeadamente nas habituais taxionomias sobre a cidade e sobre o campo, tudo setransforma num processo de «degeneração» de ambas as coisas. Daí a procura de outros modosde ver e pensar a realidade capazes de se alargarem a outras referências e significações queconsigam fugir aos estereótipos mais comuns e que, de certa forma, permitam perceber o queé que transporta e para que serve o discurso e a representação sobre esta paisagem, por umlado; e, por outro, a busca de renovadas formas de acção capazes de dar resposta aos desafioscolocados por essa mesma paisagem/urbanização, através da introdução de renovas formasde aproximação capazes de a dar a ver e de nela agir segundo outros modelos de referências,valoração e produção de sentido. This dissertation is focused on the landscape, particularly its role in the construction ofother maps and other representations of reality capable of triggering new ways of lookingand projecting the contemporary territory. The relevance of this topic is justified not onlyby the need to clarify the complexity of the current process/form of extensive urbanizationin its various scales and components, but, above all, to recognize it as a result of how thecurrent society is territorialized. This invariably leads to a new way of understanding andbuild territory, no longer just emerging but absolutely installed in the landscape.Since the idea of 'Garden of Eden' to the contemplation of a 'commonplace', the landscapehas always been a firm basis for understanding the world around us, in all civilizationsfollowing the changes that the territory and society that produces it will suffer. Until veryrecently, it was said that geography was the science studying the landscapes. And the landscapeswere said to be a kind of synthesis and epiphenomenon resulting from a long-timerelationship between the natural conditions (a set of biophysical determinants) and humanaction organized in societies bearers of a culture, a historicity and a technological evolution.Today, however, the resurgence of interest in the subject of Landscape has uncovered notonly new ways of looking or approaches, but the emergence of new concerns as well. Bethe growing importance of environmental and heritage values, either because of the factthat the rapid expansion of urbanization phenomenon at the territorial macro scale hasbeen interlacing areas previously assigned to different disciplines, the fact is that, today,the landscape is placed on new theoretical and practical terms, combining or opposingmultiple records and representations of diverse origin. In the various fields of scientificknowledge, through the field of Arts and Aesthetics, or by the social, political and mediafields, the interest in the study of landscape is nowadays considered as a starting point andguideline in various domains; its aesthetic and cultural values, its dynamic and fragility arehighlighted; attention is drawn to the need to protect the natural and cultural values; and,especially now, one tries to determine how the Landscape can trigger ways to requalify theframework of everyday life and rebuild any local identity.In fact, being an element that contemplates and that is the result of a long process of humanmodeling of natural conditions, the Landscape has become a kind of common denominatorto where syntheses of knowledge converge from different sources, and therefore, also,and essential element for those who, by duty or necessity, seek for new ways of understanding and deciphering the reality, and, with them, raise clarifications and especially answersto new problems and challenges posed by the current processes of occupation and constructionof contemporary territory. Indeed, in the field of study and territory planning, thesudden acceleration, in the past decades, of society's transformation and the processes ofterritory occupation, hand in hand with the intertwining of disciplines that analyze thisphenomenon, have been causing the inflection of traditional territorial reading lenses forconsidering the dominance of the modes and geographies of relations and socio-spatial logicsassociated with new logics of massive urbanization.The systemic and relational vision that is founded and reflects in this renewed approachdimension of the territory is entirely imposed by the current need to glimpse new ways oflooking and acting adapted to current processes of land occupation and, at the same time,able to overcome the proverbial inefficiency of planning concepts and tools in strict senseand outline new ways of thinking and planning better suited to new logics of urbanization.In fact, the notion of 'landscape', as usually inferred, makes sense only when related to theprocesses of social construction of the territory and, therefore, with those elements and/orfactors that influence or lead such a construction. Hence, to understand and regulate thelatest and contrasting realities of the current urbanization phenomenon, through theirlandscape component (in fact, the most interesting here as the consensually least studiedtopic), involves the identification of its structural components and the decomposition ofthe scaffolds and spacing that are intrinsically determinants in this social construction.As such, and focusing in particular on the possible and desirable ways to regenerate thenew ground for urbanization - new in the sense that conformation does not represent northe compact and limited city, nor the ground mainly unbuilt and governed by the rulesof agriculture or the said nature - what is doubly considered here is the landscape of thedesignated diffused urbanization. On the one hand, while reality commonly known by the'dispersion' of forms of occupation that produce it and represent it in their fragmentation(a term that captures it in general characteristics, but in operational terms ignores its diversityand complexity). On the other hand, as a starting point and thread of an approachsignificantly distinct from conventional geography which represents the territorial systemas a set of points or centers (cities), on the backdrop of agricultural/rural or natural ground,and so, too, extremely relevant from the point of view of the scales and the most suitablecontents for diagnosis and for planning strategies and management of current processes ofoccupation and construction of contemporary territory.The current landscape/urbanization, as a matter arising from a long process of constructionand accumulation allowed by time (since, rather than replacing, it has been reconciling), ishere seized up, either by the analysis of its evolution and physical, functional and environmentalmanifestation, either by the social, cultural and economic factors that territorializeit and make it specific to a given society and context; and that because it is always the resultof the society that produces it and, in this respect, the late twentieth century and earlytwenty-first century are indeed endless disruptions and introduction of new paradigms. As such, perceive it from the society and the context that produces it is the first exercise, butits meaning is not perceived without the supplementary exercise of observing this landscapefrom other perspectives and placing it in broader relationships with existing processesof occupation of the territory and its regulation, on the one hand; and more specific,on the other hand, when confronted with concrete situations, such as the urbanized spot ofBraga (district), extending though the Cávado almost until Barcelos, Vila Verde and Amares.Hence the bet on a scaffold of and to the landscape/urbanization, capable of respondingand of introducing significant changes as processes and requirements of land occupationchange and therefore also capable of maintaining their role as active support after successivetransformations. This, through a positive guidance and regulation of such construction,mainly based on conceptualization and requalification of such support structuresopen to the uncertainty of the programs and of things built, but necessarily accurate inwhat concerns what they connect and separate. 2019-01-31T10:25:10Z 2019-01-31T10:25:10Z 2013-11-27 2018-11-29 Tese sigarra:301286 https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/117192 101229909 por restrictedAccess application/pdf |