Summary: | O burnout tem merecido uma atenção transversal a várias categorias profissionais
e um pouco por todo o mundo. A emergência de burnout indica desgaste profissional,
esgotamento dos recursos físicos, emocionais e mentais que ocorre quando as exigências da profissão ultrapassam os recursos de que o trabalhador dispõe. Os oficiais de justiça, pelas características laborais associadas à profissão, estão suscetíveis a elevados níveis de stress, fadiga e exaustão. Lidam com uma sobrecarga de trabalho, recursos escassos, um contacto constante com o público, com pessoas em situação de crise e com situações emocionalmente exigentes, criminais e não criminais, de utentes, testemunhas, vítimas e arguidos, além de um vasto conjunto de fatores que os colocam em risco de desenvolver burnout. Não obstante, a caracterização deste fenómeno nesta área profissional é praticamente inexistente em Portugal.
O objetivo central deste estudo é mitigar este desconhecimento, explorando um
conjunto alargado de variáveis que se relacionam com o bem-estar dos trabalhadores e
com as fontes potenciais de stress e burnout e que nos permitirão conhecer melhor a
realidade laboral destes profissionais. Constituíram esta amostra 433 oficiais de justiça
portugueses. Para a recolha de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: Utrecht Work Engagement Scale (UWES), Survey Work-Home Interaction Nijmegen (SWING), Questionário de Satisfação Laboral (S20/23), Stanford Presenteeism Scale (SPS-6), Oldenburg Burnout Inventory (OLBI) e as Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress
(EADS-21).
Os resultados indicam que cerca de 50% da amostra de oficiais de justiça sofre de
burnout, revelando também níveis moderados de engagement, conflito entre o trabalho e família, insatisfação com benefícios e políticas da organização, com o salário que recebem e com o reconhecimento da sua competência profissional, além de dificuldade em evitar a distração e uma tendência para ir trabalhar mesmo com problemas de saúde.
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