Reconhecimento emocional, empatia e trauma: um estudo com bombeiros

No decorrer da sua atividade os bombeiros recorrem ao reconhecimento emocional e àempatia para melhor compreender as necessidades das vítimas que socorrem. Contudo, estãofrequentemente expostos a situações traumáticas e elevados níveis de stress, o que aumenta orisco de desgaste psicológico, pois sã...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Carolina Ferreira Pimenta Lança Pimentel
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2019
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/108474
Description
Summary:No decorrer da sua atividade os bombeiros recorrem ao reconhecimento emocional e àempatia para melhor compreender as necessidades das vítimas que socorrem. Contudo, estãofrequentemente expostos a situações traumáticas e elevados níveis de stress, o que aumenta orisco de desgaste psicológico, pois são "First to respond, but last to seek help" (KSDK, 2017).Este estudo pretende verificar a possível interferência da empatia e do trauma na capacidade dereconhecimento emocional em bombeiros, averiguar se existe relação estatisticamentesignificativa entre trauma e empatia, bem como, perceber se o reconhecimento emocional,empatia e trauma são influenciados por características sociodemográficas e profissionais. Osdados foram recolhidos em 2017, após autorização das corporações, junto de 337 bombeirosvoluntários, voluntários assalariados ou profissionais do distrito do Porto. Foi utilizada uma tarefade reconhecimento emocional de 28 fotografias retiradas do Radboud Faces Database (Langner etal., 2010), com homens e mulheres a expressar emoções de raiva, tristeza, medo, nojo, surpresa,alegria e desprezo. Foi ainda utilizado um questionário sociodemográfico e profissional, oInterpersonal Reactivity Index (IRI; Davis, 1983; Limpo et al., 2010) e a Posttraumatic StressDisorder Checklist (PCL-C; Weathers et al., 1993; Marcelino & Gonçalves, 2012). Os inquiridoseram maioritariamente do sexo masculino (84%), com idades entre 18 e 65 anos (M=35,0), atrabalhar em horário por turnos (79%), no quadro ativo (98,5% versus 1,5% no quadro decomando) e com função exclusiva de bombeiro (90%, versus 10% de TAS/TAT/TAE). Eram50% bombeiros voluntários (dos quais 14% assalariados) e 50% sapadores. Os anos de serviçovariaram entre 1 e 45 (M=13,5) e as horas semanais entre 5 a 88 (M=31,3).Encontraram-se níveis elevados de reconhecimento emocional, moderados níveis deempatia e baixos a moderados níveis de trauma (contudo 12% da amostra apresentava trauma).Níveis elevados de empatia têm impacto negativo mas pouco significativo no reconhecimentoemocional. O trauma correlaciona-se negativamente com o reconhecimento emocional, eparcialmente e positivamente com a empatia. As características sociodemográficas e profissionaisinfluenciam, maioritariamente de forma negativa o reconhecimento emocional, a empatia e otrauma. Os resultados refletem a importância da monitorização regular do estado psicológico dosbombeiros, pois algumas variáveis podem criar fragilidade psicológica pelo impacto traumático eacumular de estados emocionais negativos.